EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Capitalizados, fundos imobiliários saem à procura de ativos e acirram concorrência

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast) e André Vieira
Atualização:
Há mais de 550 mil condomínios residenciais no Brasil  Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Uma disputa por uma fatia acionária no Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, opôs a XP Asset e o Iguatemi. A XP tentou levar os 20% colocados à venda pelo braço imobiliário do IRB Brasil Resseguros para engordar seu fundo de investimentos imobiliários (FII). Mas na última hora, o Iguatemi, que já tinha 36% do shopping, decidiu exercer seu direito de preferência e adquiriu a participação por R$ 174,6 milhões.

PUBLICIDADE

Leia também: Iguatemi lança plataforma digital para levar marcas de luxo a todo o Brasil

A busca de ativos por parte dos gestores para compor suas carteiras é o reflexo da febre dos investidores por fundos imobiliários. Diante da queda nos juros, inflação controlada, aumento do crédito e a retomada do lançamento de empreendimentos imobiliários, a demanda pelos FIIs, que isenta a pessoa física do Imposto de Renda, cresceu e o valor de mercado já chega a R$ 55 bilhões, alta de 60% no ano até setembro, de acordo com dados da B3.

O outro lado da moeda, porém, é que o interesse por ativos rentáveis - e consequentemente seus preços - tem sido mais intenso. Ao fazer sua quinta emissão de cotas em outubro, no valor de R$ 808 milhões, a XP já tinha identificado o risco de não levar a fatia do Praia de Belas, dado o direito de preferência do Iguatemi.

Veja também: Carteiras recomendadas têm ganho abaixo do Ibovespa em 12 meses

Publicidade

"A competição aumentou com mais players buscando ativos com liquidez", diz Pedro Carraz, gestor dos fundos imobiliários da XP Asset, que administra R$ 6,5 bilhões em todos os FIIs, o dobro em relação ao fim do ano passado. Procurados, o Iguatemi confirmou o exercício do direito de preferência, e o IRB não quis comentar a operação.

Os investidores viram nos FIIs uma oportunidade de diversificar a carteira com rentabilidades maiores. O XP Malls, voltado ao segmento shoppings centers, tinha números bem modestos quando foi lançado há dois anos: 6 mil cotistas e R$ 250 milhões. Hoje, são cerca de 130 mil cotistas, em sua maioria pessoas físicas, que detêm cerca de 70% dos R$ 2,4 bilhões em carteira, explica Carraz. "Há um dado curioso dessa pulverização: há cerca de 10 mil cotistas - pessoas físicas - com apenas uma cota, de R$ 130.

Acompanhe: Fundo de aluguel residencial baixa captação mínima para atrair investidor

O sócio da gestora Vinci Partners, Leandro Bousquet, nota um crescimento nesse mercado também dos investidores institucionais, com aportes maiores. A consequência disso é o risco potencial de falta de ativos de qualidade para os gestores comporem suas carteiras. "Ativos de tijolo, como prédios de escritórios, shoppings e galpões, não são construídos do dia para a noite. E as negociações para a compra de imóveis performados (já em operação) também são demoradas", observou.

Segundo Bousquet, uma tendência do mercado de modo geral é a de diversificação das carteiras, com a inclusão de imóveis geradores de aluguel que hoje são menos procurados pelos gestores, como hospitais, universidades e silos agrários, entre outros. A Vinci, tem dois fundos imobiliários e R$ 1,5 bilhão em gestão de ativos, focados em shoppings e galpões.

Publicidade

Mesmo com a demanda aquecida, Carraz vê espaço ainda para alocar os recursos captados em shoppings. "Existem aproximadamente 600 shoppings no País, dos quais um terço nas mãos das administradoras como BR Malls e Aliansce Sonae", diz. O restante está com famílias, fundos de pensão e outras empresas de porte médio, um processo, que segundo Carraz, passará ainda por uma consolidação. Nesta sexta-feira, por exemplo, a JHSF e o XP Malls anunciaram investimento de R$ 170 milhões para a expansão do Catarina Fashion, maior outlet do País, próximo à Grande São Paulo.

PUBLICIDADE

O diretor-presidente da Valora Investimentos, Daniel Pegorini, também acredita que há espaço para crescimento das carteiras baseadas em ativos 'tradicionais' - prédios de escritórios, shoppings e galpões - mas espera que a concorrência crescente provoque uma diversificação geográfica. "Ativos no eixo da Faria Lima já chegaram ao seus preços-alvos, então é natural que haja uma procura maior por imóveis em outros bairros e cidades", diz.

O executivo também afirma que as empresas devem voltar a investir e, com isso, demandar mais espaços em imóveis comerciais. Algumas companhias, inclusive, têm optado por vender seus próprios imóveis, levantar capital e seguir no mesmo local como inquilinas. "Há muito espaço para operações de fundos envolvendo iniciativas de companhias para tomarem dinheiro", diz Pegorini. A Valora tem dois FIIs em sua carteira, baseados em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs). Para 2020, prevê que uma das principais oportunidades estará nos galpões e centros de distribuição para atender o crescimento de varejistas.

Notícia publicada no Broadcast dia 20/12/2019, às 16:24:30

Contato: colunabroadcast@estadao.com Siga a @colunadobroadcast no Twitter

Publicidade

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.