A empresa chinesa Lalamove, que realiza entregas e mudanças sob demanda, foi condenada por desviar dados de 929 clientes da startup Vuxx, sua concorrente brasileira. A Vuxx foi comprada pela Box Delivery que, por sua vez, foi adquirida pela Rappi. O caso foi parar na Justiça em 2019. Quase cinco anos depois, no início deste mês, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) proferiu acórdão confirmando uma sentença de 2023 e decidindo pela condenação da companhia sediada em Hong Kong.
Os dados foram baixados por um funcionário da Vuxx. Logo em seguida, ele foi contratado pela Lalamove. O entendimento da Justiça é de que o vazamento foi intermediado pelo então diretor da empresa chinesa, Daniel Hsu, que teria aliciado o colaborador da concorrente.
Ambos já haviam trabalhado juntos anteriormente na Loggi Tecnologia Ltda., segundo o depoimento de Hsu, que foi transcrito para a sentença de primeira instância. Após as denúncias, os dois foram desligados da Lalamove.
Ação civil
A Vuxx moveu uma ação civil alegando que a concorrente passou a acessar informações de seus principais clientes, incluindo o volume de contratação, os responsáveis pela tomada de decisões, a periodicidade e até mesmo o preço. Ao ser consultado pelo Broadcast sobre o caso, o advogado Rodrigo Celeghini Rosa, que defendeu a startup brasileira, disse que cerca de 6 mil dados foram vazados, mas que os 929 citados pela sentença referiam-se a clientes ativos ou em captação. Ele atuou junto com Gabriel Rocco, do escritório Pereira Neto, Macedo, Rocco.
A Lalamove ficou impedida de utilizar a base de dados desviada, inclusive para contatar os clientes, pelo período de três anos. A empresa, o ex-diretor e o ex-funcionário terão ainda que pagar uma indenização que será calculada no momento da liquidação. A Vuxx estima valores entre R$ 10 e R$ 20 milhões, a depender do impacto concorrencial.
Com a palavra, a defesa
O advogado Maurício Barbosa Tavares Elias Filho, do TMM Advogados, defendeu Daniel Hsu e disse à reportagem que seu cliente “sempre cumpriu as decisões judiciais”, desde a liminar que impediu a utilização dos dados. Ele afirmou que o prazo de três anos “inclusive já prescreveu”.
A Lalamove também reiterou que “não utiliza quaisquer informações confidenciais de terceiros” e disse “respeitar rigorosamente a confidencialidade e as disposições legais pertinentes”.
“Ademais, em razão do segredo de justiça que envolve o recente processo judicial, não podemos comentar ou fornecer detalhes adicionais relacionados ao caso”, falou a empresa em nota.
O ex-funcionário que figura como réu não retornou às tentativas de contato feitas pelo Broadcast.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 17/09/2024, às 11h35.
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