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Bastidores do mundo dos negócios

CIP passa se chamar Nuclea e busca crescer para além do setor financeiro

Antiga Câmara Interbancária de Pagamentos quer dobrar de tamanho em até cinco anos, transformando dados em fonte de receita

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Foto do author Matheus Piovesana
Criada em 2001, antiga CIP está fortemente associada ao mercado bancário Foto: Aline Bronzati/Estadão

Após se transformar em sociedade anônima, a antiga Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) mudará o nome para Nuclea. A troca da marca foi anunciada aos funcionários esta semana, e é parte da nova estratégia da empresa, que busca dobrar em até cinco anos, transformando dados em fonte de receita e entrando em novos setores para além do financeiro.

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A decisão de trocar a marca veio em 2020, com o novo planejamento estratégico. A ideia foi refletir a busca de conexões entre negócios, e não apenas no mercado bancário, ao qual a companhia está fortemente associada. Criada em 2001 como uma associação entre os bancos para integrar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a antiga CIP processa os TEDs e DOCs realizados no País, os boletos e a portabilidade de salário, e participa do registro de recebíveis de cartão, com clientes como Cielo, Rede e Getnet.

Com o passar dos anos, o escopo aumentou. Em 2009, a empresa começou a operar o débito direto autorizado (DDA), que permitiu a visualização eletrônica de boletos; em 2011, criou a C3, câmara de cessões de crédito. “Se em 2009 (a marca) não comportava as atividades, em 2011, a CIP já não era só uma câmara interbancária de pagamentos”, diz Joaquim Kavakama, atual CEO da empresa.

A partir de janeiro, Kavakama passará a atuar como consultor da Nuclea, e o ex-presidente do conselho da empresa, André Daré, assumirá como CEO. A execução da nova estratégia será sua primeira missão.

“Imaginamos que os dados podem gerar valor para os clientes e a sociedade, e não precisamos de nenhuma mudança regulatória”, afirma Daré, acrescentando que hoje o grosso da receita da Nuclea é proveniente do processamento de transações. “Em cinco anos, a maior parte da receita deve vir da monetização de dados.”

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Empresa vai ofertar pontuação de crédito

Com as informações de pagamento e portabilidade, a Nuclea poderá ofertar pontuação de crédito, de forma complementar aos birôs, sistemas antifraude e produtos de análise de perfil de cliente para seguradoras. Setores como o de saúde também devem trazer oportunidades, mas ainda dependem de mudanças regulatórias que permitiriam, por exemplo, a portabilidade de prontuários médicos digitais.

Em outra frente, a empresa pretende continuar investindo em startups, a exemplo do que fez na fintech Klavi, via capital de risco corporativo, e na BEE4, uma Bolsa para empresas de menor porte. Empresas maiores também estão entre os alvos.

Entre clientes antigos e novos, a Nuclea espera dobrar de tamanho em até cinco anos, com crescimento de dois dígitos anuais. Em 2021, ainda como associação, a então CIP teve superávit de R$ 435,7 milhões, e registrou receita líquida de R$ 953,7 milhões, alta de 12,1% em relação a 2020. Como associação, a CIP era isenta de imposto de renda e de contribuição social sobre o lucro.

Bancos cotistas viraram acionistas da empresa

A então CIP era uma associação sem fins lucrativos até fevereiro, quando foi convertida em S.A. através de uma desmutualização. Os 34 bancos cotistas passaram a ser acionistas, e a empresa ganhou a possibilidade de fazer aquisições e investimentos minoritários.

Essa transformação levará a uma nova estrutura de direção em janeiro, em que Daré terá três vice-presidentes se reportando a ele. Joyce Saika será responsável por Finanças, Jurídico e Relações com Investidores, enquanto Eduardo Amorim tocará a área de tecnologia. A terceira é uma vice-presidência de negócios, que ainda não teve um nome definido.

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Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 07/12/2022, às 08h05

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