A CSN avalia buscar um sócio minoritário para sua operação de cimentos, depois de fracassada a tentativa de comprar as operações da InterCement no Brasil e na Argentina. A Coluna apurou com fontes ligadas à empresa que há estudos para uma estratégia em cimentos parecida com a realizada pela CSN Mineração em outubro, quando fechou proposta vinculante com a Itochu Corporation de venda de 11% de participação por R$ 4,5 bilhões.
O negócio na mineração foi fechado com um prêmio de mais de 26% no valor das ações em relação à praticada no mercado. “A CSN tem ativos que o mercado não percebe valor, diante da desvalorização da bolsa”, disse outra fonte com conhecimento do assunto.
Segundo as mesmas fontes, a entrada de um sócio minoritário na CSN Cimentos não é prevista para o curto prazo e poderia anteceder a pretendida listagem em bolsa, que está neste momento comprometida pelo fechamento do mercado de ações a novas ofertas em cenário de juro elevado.
A investidores, no CSN Day, o CEO da companhia, Benjamin Steinbruch, deixou clara a nova direção para os negócios da companhia: “A lógica é diminuir participação, manter controle e aproveitar as oportunidades”, disse. Ele afirmou que, após anos de “valentia” usando o próprio capital de giro para fazer movimentos, aliado a aumentos de alavancagem, esse momento de agora é de mais conservadorismo: “Não faremos operações que prejudiquem nossa busca por grau de investimento e desalavancagem”, afirmou.
“A CSN tinha uma tese clara de aquisição da InterCement e, se fizesse a transação, não faria IPO (oferta inicial de ações). Agora a possibilidade é trazer um sócio minoritário e voltar com a proposta de IPO quando o mercado estiver aberto”, afirmou uma das fontes. A CSN manteve negociações exclusivas com a Mover (ex-Camargo Correa) para levar a InterCement nos últimos 10 meses, extintas com a entrada da companhia em recuperação judicial, diante da ausência de acordo entre bancos credores, a Mover e a empresa.
Steinbruch não desistiu de ultrapassar a Votorantim, líder de mercado
Benjamin Steinbruch não desistiu, no entanto, de ultrapassar a Votorantim, que é líder no mercado de cimentos. Mesmo tendo perdido a oportunidade de fechar uma transação exclusiva pelos ativos da InterCement, a companhia pode voltar a olhar seus ativos, que serão vendidos dentro do processo de recuperação judicial. Isso pode levar algum tempo, já que a InterCement e a Mover iniciaram esse processo em 5 de dezembro e tem até fevereiro de 2025 para apresentar um plano de reestruturação do grupo.
O empresário também declarou que vai olhar outros ativos em cimentos. “Tinha possibilidade de ganhos imediatos muito grandes. Fomos até onde deu. Tem outras empresas grandes vendendo ativos. A própria Intercement em algum momento vai vender ativos; não descartamos”, afirmou Steinbruch a investidores.
Ou seja, por um lado a lógica de desalavancagem e mais conservadorismo mostra um Steinbruch menos “valente”, em suas próprias palavras. Fontes do mercado, poríem, ainda avaliam com ressalvas essas declarações, já que o empresário segue habilidoso e com apetite declarado para ganhar relevância no cimento, negócio no qual tem tido êxito. Procurada, a CSN não comentou.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 27/12/2024, às 12:46:44.
O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
