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Bastidores do mundo dos negócios

Com primeiro banco de torcida organizada, Independente quer ajudar o SPFC

O 1972 Bank vai oferecer serviços bancários, conteúdo e comércio eletrônico

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Foto do author Cristiane Barbieri
Independente e 2GO Bank pretendem ter 200 mil torcedores no aplicativo até o fim do ano Foto: Paulo Pinto/SPFC - 27/03/2022

A Torcida Tricolor Independente nasceu em 1972, quando um grupo de torcedores organizados acompanhou o São Paulo Futebol Clube ao Paraguai, em disputas da Libertadores. Na quarta-feira, 29, novamente numa partida desse campeonato, agora contra o argentino Talleres, a agremiação vai lançar seu próprio banco digital, o 1972 Bank. Construído em cima do Banco Torcedor, tecnologia bancária desenvolvida para o mundo do futebol pela fintech 2GO Bank, o banco da Independente tem como objetivo engajar e faturar com os fanáticos pelo time que terão um aplicativo com conteúdo, entretenimento e e-commerce, além de serviços bancários como conta digital, Pix, pagamento de contas e cartão customizado com a marca da torcida.

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Parte da receita com as transações vai para a Independente, que tem vários planos para os recursos. “Quero fazer o SOS São Paulo Futebol Clube, para ajudar nosso clube a liquidar as dívidas no futuro”, diz Henrique Gomes de Lima, o Baby, presidente do conselho da Independente.

O dinheiro também ajudará a apoiar projetos sociais, culturais e esportivos promovidos pela agremiação, bem como viagens da Independente com o time. “Acabamos de mandar uma carreta com cestas básicas, bicicletas, ração para animais para o Rio Grande do Sul”, diz Baby. “Também temos escolinha de bateria, muay thai, inglês, português, matemática, cursos profissionalizantes e um projeto que põe a criança no estádio, com presença escolar e notas boas.” Todas as semanas, cerca de 70 alunos entram no estádio depois de mostrar o boletim à Independente.

Mudança de imagem

Um dos principais desafios da torcida, diz ele, é mudar a imagem ligada à baderna, brigas e violência ligada às organizadas. “Uma torcida que era considerada como bichos, como marginais pela sociedade, agora tem o primeiro banco para engajar os apoiadores”, afirma. “Hoje, o torcedor compra a nossa ideia porque ele vê uma torcida-empresa, gerida como se fosse uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol).” Sem perder o espírito da geral, no entanto, ele emenda diretamente do Morumbis, dando risada: “Imagina agora o Baby, de terno e gravata, na arquibancada.”

Segundo Cyllas Elia, CEO da 2GO Bank, a Independente tem conseguido mudar sua própria imagem tanto pelo trabalho social quanto pela parceria próxima junto ao clube. “É uma torcida única e nosso objetivo é criar receita recorrente porque esse torcedor acompanha o campeonato inteiro, participa das festas da torcida e o dinheiro que eles gastavam com tarifas bancárias agora vai para sua própria casa”, diz Elia.

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Nem a Independente nem a 2GO Bank, porém, falam em expectativa de geração de receita. Afirmam apenas que pretendem ter 200 mil torcedores cadastrados e vinculados ao aplicativo até o fim do ano. Além da receita proveniente dessa fonte, a Independente fatura com mensalidades, vendas de produtos e eventos. De acordo com Baby, o patrimônio da organizada supera os R$ 10 milhões.

Inauguração e lançamento

Isso inclui três lotes em frente ao estádio do Morumbis. O lançamento do 1972 Bank acontece simultaneamente à inauguração da nova Casa Independente no local. A Independente investiu num espaço com 1.400 m², capacidade para 5 mil pessoas, com lojas, alimentação e bebidas. A festa na Casa Independente vai ocorrer antes, durante e depois do jogo contra o Talleres, com direito a bandeirão, bar e premiações para os associados. Haverá shows de Marquinhos Sensação e Exaltasamba.

Já a 2GO vê na nova área a oportunidade de expansão dos negócios. Hoje, a fintech tem 35 mil clientes provenientes sobretudo do Vitória Bank, o banco do Esporte Clube Vitória. A parceria com a Independente é a primeira com torcidas organizadas e o time, o São Paulo Futebol Clube, não foi envolvido. Em outra frente de negócios, de bilheteria de eventos, a 2GO tem 500 mil pessoas cadastradas.

A 2GO investiu R$ 30 milhões nos últimos dois anos, na estrutura do Banco Torcedor. “Com um ‘CRM’ (gerenciamento de dados) dos fãs e recursos tecnológicos como inteligência artificial, os clubes e torcidas podem desenvolver e escalar negócios numa estratégia de geração de receitas”, diz Elia.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 28/05/24, às 16h52

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