Um grupo de credores pode atrasar o plano da Oi para captar até R$ 7,5 bilhões. O dinheiro ajudará a operadora a cumprir os planos de recuperação judicial. Os credores não concordaram com o valor proposto pela operadora (o chamado consent fee) para que autorizem e emissão de até R$ 2,5 bilhões em debêntures da InfraCo, braço de infraestrutura da empresa que reúne as operações de fibra ótica, bem como um empréstimo ponte de até R$ 5 bilhões da Oi Móvel. Como é de praxe, uma negociação, capitaneada pelo escritório brasileiro Padis e Mattar e pelo norte-americano Davis Polk por parte dos detentores de títulos de dívida emitidos no exterior (bondholders), está em andamento. Hoje termina o prazo para as conversas. Se não chegaram a um denominador comum, um novo prazo deve ser concedido.
A Oi seguiu a legislação norte-americana e tornou público na Securities and Exchange Comission (SEC), xerife do mercado de capitais dos Estados Unidos, o pedido de consentimento para ambas as operações há mais de uma semana.
No documento, a Oi informou que pagaria como prêmio aos detentores dos títulos de dívida US$ 5 por cada US$ 1 mil em bonds. O valor foi considerado baixo. Os credores também se opõem a outras condições do plano de capitalização da companhia, de acordo com fontes.
A Oi precisa do "sim" de 50% mais um, dos detentores de R$ 1,65 bilhão em bonds emitidos em 2017, durante a reestruturação financeira da recuperação judicial. Ou seja: se o prêmio sugerido fosse aceito, a companhia teria um gasto de cerca de US$ 4 milhões. Fontes afirmam que o grupo de "oposição" supera os 50% e, portanto, as negociações continuam.
O prêmio faz parte da escritura dos bonds renegociados em 2017, e do aditamento à recuperação judicial, aprovado no ano passado. Nele, a Oi previu a emissão das debêntures e a venda de parte da InfraCo, assim como o empréstimo ponte e a venda da operação móvel.
Os financiamentos têm como objetivo reerguer as operações da tele e permitir que a Oi honre com suas dívidas. No caso da InfraCo, a Oi pretende vender até 51% do negócio - e quer fortalecê-la para isso. O empréstimo ponte da Oi Móvel seria para que continuasse investindo e operando até a aprovação dos órgãos reguladores.
Ontem, a superintendência geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) informou que vai instaurar um procedimento administrativo para apuração concentração de mercado, a pedido da operadora mineira Algar, feito em novembro do ano passado. Procurada, a Oi não comentou.
Esta reportagem foi publicada no Broadcast+ no dia 10/03/2021, às 20:07:08 .
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