A Croma Oncologia, joint venture criada por Beneficência Portuguesa (BP), Atlântica Hospitais (do Grupo Bradesco Seguros) e Grupo Fleury, será lançada oficialmente em 27 de novembro, Dia Nacional do Combate ao Câncer. Voltada ao tratamento integrado de pacientes oncológicos, a empresa nasce com investimentos de R$ 678 milhões por um período de cinco anos, feitos pelos três sócios.
A ideia da Croma surgiu em 2022 e, de lá para cá, foram feitas integrações entre os hospitais, as redes de medicina diagnóstica e a própria empresa. Também foi desenvolvido um modelo de remuneração baseado em prestação de serviços, que evita ganhos com materiais e medicamentos, uma área de constante conflito com operadoras, cooperativas e seguradoras de saúde suplementar.
“Vamos oferecer a maior transparência possível porque a ideia é oferecer previsibilidade aos financiadores do sistema privado de saúde”, diz Cesar Franco, presidente da Croma Oncologia. Hoje há diferentes modelos de negócios na área, com algumas empresas sendo responsáveis por compras de medicamentos e materiais de alto custo, enquanto outras, não. “Atenderemos às diferentes demandas, sem que nenhum dos associados do sistema perca o acesso ao tratamento”, diz ele.
Unidades serão inauguradas em 2025
Além de tecnologia e interoperabilidade de processos, sistemas e equipes, os recursos também foram aplicados na abertura de quatro unidades ambulatoriais, a serem inauguradas no início do próximo ano. Serão três em São Paulo (Lapa, Tatuapé e Morumbi) e uma no Rio (Botafogo). Também estão sendo mapeadas unidades em Minas Gerais e em outras regiões do País. A expectativa é que sejam feitas parcerias com hospitais e centros de tratamento oncológicos também em outros Estados.
Na prática, a Croma pretende coordenar o tratamento do paciente com câncer e o acompanhamento à sua família. Qualquer demanda relacionada a esse processo, sejam exames, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, consultas médicas, acompanhamento psicólogo, psiquiátrico ou neurológico, por exemplo, passariam a ser feitos pela empresa.
“Nem o paciente ou um familiar precisarão ligar para marcar exames ou conseguir autorizações”, diz ele. “Fazemos todo esse processo, de maneira coordenada com a rede de parceiros.” O objetivo é conseguir a maior agilidade possível que, na prática, se traduza em redução de custos no tratamento oncológico. “A depender do caso, uma autorização que leva semanas pode mudar a perspectiva de tratamento, num caso de câncer mais agressivo”, afirma.
Sem desperdícios
Para Franco, a integração de diferentes frentes de tratamento também evita desperdícios, uma vez que tentará impedir que o paciente saia com alguma necessidade ou tenha exames feito múltiplas vezes, de maneira desnecessária. A expectativa é atender 100 pacientes no início do próximo ano e atingirem pouco mais 500 em tratamento. Para os próximos anos, a expectativa é de atendimento de 5 mil pacientes nas primeiras unidades. Por envolverem empresas de capital aberto, não são fornecidas perspectivas financeiras.
Aos 53 anos de idade, Franco está há mais de 20 anos na área de saúde e foi executivo sênior da United Health e da Amil e assumiu a Croma no ano passado. “O que me chamou a atenção de vir para cá era justamente a possibilidade de construir um projeto para oncologia que tivesse alto impacto, com novos modelos de tratamento e financiamento”, diz ele.
Com o envelhecimento da população, a evolução nos tratamentos e a tendência de os cânceres se tornaram doenças crônicas, o setor de saúde tem feito pesados investimentos nessa área. O HC anunciou recentemente investimentos de R$ 162 milhões em pesquisa e desenvolvimento na área. Em 2022, o Hospital Israelita Albert Einstein anunciou que estava destinando R$ 1,2 bilhão a um centro avançado de oncologia e hematologia. No mesmo ano, o Sírio Libanês colocou R$ 800 milhões em 15 unidades especializadas em oncologia, cardiologia e ortopedia.
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