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Bastidores do mundo dos negócios

De olho na diversificação, CBA expande produção de alumínio reciclado

Companhia Brasileira de Alumínio vai investir na subsidiária Metalatex

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Serão adicionadas 50 mil toneladas por ano em capacidade de reciclagem de alumínio da CBA por meio da instalação de uma nova linha de tratamento de sucata Foto: ROBSON FERNANDJES / AE

Em busca de maior diversificação na linha de negócios, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) deve concluir neste semestre um investimento na expansão da Metalex, subsidiária comprada em 2010. A unidade, situada no município de Araçariguama (SP), possui forte atuação na produção de tarugos de alumínio, vendidos aos setores automotivo e de infraestrutura.

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Serão adicionadas 50 mil toneladas por ano em capacidade de reciclagem de alumínio da CBA por meio da instalação de uma nova linha de tratamento de sucata. Com o investimento, a Metalex contará com uma participação maior da reciclagem na produção. Atualmente, os tarugos fabricados pela empresa possuem aproximadamente 65% de conteúdo reciclado. O porcentual poderá avançar para até 80%. A conclusão do projeto vai transformar a planta na maior da América Latina em relação ao processamento de sucata em extrusão.

Além do aumento da capacidade em reciclagem, a nova linha de processamento vai separar diversos outros materiais da sucata, como ferro, borracha e plástico. Em 2022, a produção de alumínio secundário (reciclado a partir de sucata) foi de 179 mil toneladas. Já o volume total de fabricação de alumínio ficou em 483 mil toneladas.

Expansão vai trazer mais flexibilidade à empresa

A expansão vai trazer maior flexibilidade para a Metalex, uma vez que a tecnologia possibilita o acesso a sucata de menor preço e a diferentes níveis de obsolescência. Ou seja, a empresa terá liberdade para comprar o material com maior ou menor nível de pureza, aumentando a margem de diferença entre os preços da matéria-prima e do produto vendido.

O presidente da CBA, Luciano Alves, disse ao Broadcast que a companhia tem como estratégia elevar cada vez mais a produção de alumínio secundário com o objetivo de diversificar os negócios da companhia. O executivo prevê resultados mais estáveis no balanço da empresa após a maior exposição à fabricação de produtos a partir da reciclagem. “A rentabilidade da reciclagem normalmente é menor na comparação com o alumínio primário [não reciclado], mas é mais estável porque você está comprando metal a uma referência da LME [London Metal Exchange], processando e revendendo o mesmo produto. Então, geralmente, alcançamos um Ebitda [lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização] mais seguro”, afirmou Alves.

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O presidente da CBA disse que a produção de alumínio primário funciona a partir da lógica de flutuação das commodities, enfrentando ciclos de altas e quedas. Os negócios voltados para a reciclagem, por sua vez, têm mais estabilidade e acompanham as oscilações de preços. Isso significa que se o preço do alumínio cair, a cotação da sucata adquirida para a produção do metal também deverá apresentar um valor menor. “Continuamos tendo o benefício no alumínio primário e passamos a ter maiores benefícios também na reciclagem. Ficamos com um portfólio mais rico e otimizado”, afirmou Alves. Além do projeto da Metalex, a CBA fechou no fim de 2022 a aquisição da Alux, uma das principais no mercado de alumínio secundário do País, localizada em Nova Odessa (SP). Nessa operação, foi destinado um total de R$ 208 milhões.

Investimento vai ajudar a reduzir emissão de carbono

A iniciativa vai auxiliar a CBA a atingir o objetivo de reduzir a pegada de carbono. A meta da companhia é, até 2030, atingir a média de 1,4 tonelada de CO2e (dióxido de carbono equivalente) por tonelada de alumínio produzido, considerando toda a cadeia da CBA, desde a mineração, refinaria, eletrólise, fundição e reciclagem do alumínio. Atualmente, a empresa emite 3,03 toneladas de CO2e por tonelada do metal líquido primário produzido. A média global é de 12,6 toneladas de CO2e por tonelada de alumínio líquido, segundo o International Aluminium Institute (IAI).

“A sucata entra junto com o alumínio líquido no processo produtivo, durante a fundição, então não é preciso um novo processo para o processamento [do material reciclado]. Adicionamos uma quantidade maior ou menor de sucata dependendo do produto em fabricação e conseguimos ter uma pegada média menor a partir desta estratégia”, disse Alves.

Pertencente à holding Votorantim S.A, a CBA possui R$ 2,84 bilhões em valor de mercado atualmente. O número é 65,9% menor em relação ao terceiro trimestre de 2021, período em que a produtora de alumínio foi listada na Bolsa brasileira. No acumulado de 2023, as ações da empresa registram queda de 55,8%.

Cenário atual é de redução de demanda

Com R$ 215 milhões em Ebitda apurado nos seis primeiros meses de 2023 - valor 84% menor na comparação com o mesmo período do ano anterior - a empresa enfrenta um cenário desafiador por conta da redução de demanda do alumínio. O nível de preços do metal no índice de referência da LME também registrou queda de 13,5% no acumulado do ano, cotado atualmente em US$ 2150,31.

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Para Alves, a possibilidade de uma retomada da demanda de alumínio no segundo semestre do ano não está descartada, mas o executivo prefere manter uma postura de cautela em meio ao momento atual. “Temos visto muitos leilões de transmissão no Brasil e poderemos ter mais no futuro. São projetos que consomem muito alumínio. Há essa possibilidade [de melhoria no mercado] e é algo interessante para monitorarmos, mas quando olhamos para a CBA, temos uma cautela natural com os ciclos da commodity. Por termos experimentado muitas vezes momentos como o de agora, tomamos ações para passar [por essa fase atual] com segurança”, afirmou Alves.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 19/09/23, às 10h30.

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