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Bastidores do mundo dos negócios

Distribuidora da Light também pode ser retirada de recuperação judicial

Negociações estão em andamento com credores e envolvem geradora

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Empresa enfrenta elevado nível de perdas de energia Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo
Entrevista com

A Light SESA, distribuidora de energia do Grupo Light, em recuperação judicial, pode ser retirada do processo que envolve a holding, se forem bem sucedidas as negociações com credores em torno de um plano de reestruturação das dívidas que está sendo desenhado.

O movimento seria o mesmo já anunciado para a Light Energia, que encaminhou pedido ao juiz para a retirada da geradora do processo. Mas nada está escrito em pedra neste momento, nem mesmo a saída da Light Energia, que apesar de um alinhamento de parte dos credores, ainda não foi formalizada por todos.

Há conversas sendo estruturadas com os credores de ambas as empresas com pretensão de fechar as linhas gerais de um acordo até o final do ano. Uma reunião com os detentores de títulos de dívida emitidos pela empresa no exterior (bonds) está prevista para esta quinta-feira, 19. A depender das negociações com todos os credores e do grau de consenso alcançado em torno do plano, haverá a formalização da remoção de SESA e Energia da recuperação judicial.

Processo foi iniciado pela holding e não pelas subsidiárias

A recuperação judicial foi pedida pela holding, que é garantidora das dívidas que estão na SESA e na Energia e acabaram entrando no processo. O Grupo Light já obteve uma extensão por mais 180 dias do período em que os credores não podem executar as dívidas, que deve acabar em meados de abril.

Outra sinalização de mudanças na condução da crise na companhia foi o anúncio da troca no comando do grupo até o fim do ano, quando Alexandre Nogueira, atual diretor regulatório e de relações institucionais, irá substituir Octavio Pereira Lopes, que está no cargo de presidente desde agosto de 2022. Com isso, é esperada melhora na interlocução com os credores, que eram críticos a Lopes e à gestão da empresa. A assessoria financeira foi alterada há alguns meses também, com a entrada da BR Partners e a saída da Laplace.

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A grande dificuldade no desenho de um plano será acomodar os desejos e os ânimos dos credores, especialmente de grupos de debenturistas, que têm o grosso da dívida e estão inconformados com o fato de a empresa ter recorrido à proteção da Justiça para suas concessionárias, embora essa seja uma premissa vetada em lei.

Há debenturistas, com uma soma de R$ 7 bilhões, credores da SESA, onde a operação é deficitária, e da geradora. Os bondholders, investidores estrangeiros que compraram títulos emitidos pelo grupo no exterior, estão distribuídos em 1/3 na Energia e 2/3 na distribuidora. A Energia concentra apenas 16,7% da dívida total de mais de R$ 11 bilhões do grupo.

Acordo pode envolver aporte de R$ 1 bilhão de Nelson Tanure

O acordo de princípios, como está sendo chamado, deve envolver uma injeção de capital de R$ 1 bilhão de Nelson Tanure e mais R$ 500 milhões, que podem vir de credores. A ideia é não reduzir o valor da dívida, mas converter boa parte dela em ações e promover, possivelmente, uma troca de títulos. Para um acionista, após essa capitalização e o acordo com os credores, a Light terá condições econômicas, financeiras e operacionais para negociar os termos da prorrogação antecipada das suas concessões por 30 anos.

Os credores estão também sendo confrontados com a realidade da empresa, ou seja, que sua operação é insustentável e que o plano a ser apresentado será o que economicamente for viável, até mesmo para garantir sua perenidade.

Isso porque, com a concessão de distribuição muito próxima do vencimento (em 2026), a empresa está com a corda no pescoço para mostrar ao governo que tem sustentabilidade financeira para assumir um novo contrato por mais 30 anos. A percepção de fontes próximas à empresa é que, sem um acordo já alinhado com credores, o órgão regulador não concederá novo prazo.

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Na disputa por melhor arranjo, alguns credores defendem levar em consideração a perspectiva de ter a renovação da concessão com condições melhores do que as atuais, como a empresa vem defendendo junto ao governo. Mas se o cenário de renovação é incerto, menos garantida ainda é a perspectiva de uma melhora das condições. Com isso, uma solução pode envolver tratamento mais positivo à empresa para o elevado nível de perdas de energia que a empresa enfrenta. A alternativa pode ser uma cláusula de divisão de potenciais ganhos, se vierem.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 18/10/23, às 13h30.

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