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Bastidores do mundo dos negócios

Do antigo Café Octavio ao Itaú, leilão da Prefeitura vai repaginar a Faria Lima

Venda de títulos conhecidos como Cepacs deve ocorrer até meados do ano

Edifício Faria Lima 3.500, do Itaú Foto: Felipe Rau/Estadão - 09/10/2024

Agentes do mercado imobiliário e financeiro estão prevendo uma demanda “absurda” no leilão pela Prefeitura de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) da Operação Consorciada Urbana Faria Lima, previsto para acontecer até a metade do ano. Se vender todo o estoque de títulos, o certame pode movimentar em torno de R$ 3 bilhões.

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Muitos empreendimentos não saíram do papel nos últimos anos justamente pela falta de títulos que lhes permitissem aproveitar melhor o terreno. Portanto, é esperada que a maior fonte de demanda venha das empresas que já têm terrenos na região ou opções de compra de áreas, contando com projetos já avançados. Essa demanda, por si só, seria suficiente para consumir grande parte do estoque de Cepacs que será leiloado, dizem fontes.

“Este será o último leilão da Faria Lima. Há uma demanda absurda. Todas as incorporadoras precisam de Cepacs. Há ao menos uns cinco a seis projetos dependendo deste leilão para prosseguir”, afirmou uma fonte que atua na ponta das vendas e falou reservadamente com a Coluna. “O tamanho do leilão chama atenção porque há muita demanda que já está lá, vinda de empresas que já estão no jogo”, apontou outra fonte, de consultoria imobiliária.

Empresa da família Dellape Baptista é candidata

Entre as apontadas como candidatas naturais a participar do futuro leilão de Cepacs está a Partage, empresa de propriedades comerciais da família Dellape Baptista, uma das fundadoras da farmacêutica Aché. Ela já é dona de alguns andares nos prédios mais caros da Faria Lima, como o Birmann 32 (o prédio da baleia) e o Plaza Iguatemi (em frente ao shopping). Além disso, possui o terreno onde funcionou o clube Arena XP, quase na esquina com a Avenida Juscelino Kubitschek. Hoje a área está ociosa, mas com potencial para se transformar em um empreendimento de classe AAA no futuro.

Outra possível participante é a Stan, dona do terreno cercado de tapumes na esquina da Faria Lima com a Cidade Jardim. O local deve abrigar um prédio corporativo no futuro, cujo porte final dependerá da quantidade de Cepacs empregados no projeto. A Bolsa de Imóveis, tradicional empreendedora da região, também é vista como potencial participante do leilão, já que possui ao menos três projetos dentro do perímetro da Operação Faria Lima.

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Algumas quadras também devem passar por transformações significativas. É o caso do quarteirão onde ficava o antigo Octavio Café. A família Quércia, dona do imóvel, chegou a negociar a sua venda para a Helbor no ano passado, mas o negócio não se concretizou. Agora, os Quércia têm estudado desenvolver um empreendimento por conta própria ali.

Largo da Batata também é alvo

O Largo da Batata também será uma zona de transformação. A gestora Jacarandá Capital possui uma área equivalente a dois quarteirões ali, resultado de uma série de aquisições de casas e pequenos comércios que, no futuro, serão demolidos para dar lugar a um novo complexo imobiliário. Para isso, a gestora negocia com incorporadoras. O local já é relativamente perto do núcleo que concentra mais escritórios triplo A na Faria Lima (entre Cidade Jardim e JK) e tem metrô por perto, o que representa um grande atrativo para futuros projetos.

Além das construtoras e fundos de investimento, o leilão de Cepacs pode atrair até um bancão. O Itaú Unibanco é o dono do Edifício Faria Lima 3.500, adquirido em 2024 por R$ 1,5 bilhão, tornando o imóvel conhecido como o prédio de escritório mais caro do Brasil. Ali funciona o seu braço de investimento, o Itaú BBA. Pois bem, esse edifício pode ganhar um “puxadinho”. Isso porque o imóvel tem uma área construída que equivale a cerca de 2,5 vezes o terreno, mas ele poderia chegar a 4,0 vezes mediante acréscimo de Cepacs. O prédio foi construído pela Tishman Speyer (a mesma do Rockefeller Center, em Nova York) e já tem fundação e estrutura preparada para receber mais andares.

No entanto, a nova safra de empreendimentos vai depender do preço final dos Cepacs. A estimativa é que ele saia por R$ 17,6 mil, valor igual ao do último leilão. Por enquanto, não está claro se o valor terá que ser atualizado pela inflação. Incorporadores calculam que o custo de novos prédios (terreno + obra + Cepacs) já está saindo por R$ 36 mil a R$ 38 mil por metro quadrado, um nível próximo do valor de venda dos últimos empreendimentos. “O setor já está no limite. Se subir muito o valor do Cepac, a conta já não fecha”, estimou um consultor.

Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 26/03/2025, às 13:46.

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