Em busca de um espaço maior no cada vez mais disputado segmento de pequenas e médias empresas (PMEs), a Cielo vai aumentar as comissões que paga ao Bradesco e ao Banco do Brasil pela venda de seus produtos nas redes dos dois bancos. A credenciadora pagará uma remuneração extra a ambos a cada aumento do uso do que chama de produtos de prazo, que nada mais são que a antecipação de recebíveis pelos clientes que entram na companhia por meio das duas instituições. A nova comissão é parte da renovação anual do contrato que a empresa firma com os dois bancos para utilizar os balcões de ambos. Bradesco e BB são os controladores da Cielo.
Procurada, a Cielo disse que não divulga valores de remuneração por questões contratuais. Afirmou ainda que, com base em cálculos, acredita que a nova comissão servirá como estímulo adicional para aumentar “de forma saudável” o uso da antecipação de recebíveis, o que vai gerar ganhos aos bancos, mas também para a companhia.
A mudança acontece em um ano em que a Cielo tentará ganhar musculatura no segmento de pequenas e médias empresas com o uso das redes dos controladores. O investimento não ficará restrito às comissões: a companhia contratou 400 agentes comerciais até setembro que atuarão exclusivamente nos dois bancos, ajudando a vender os produtos dentro das redes.
Rede, do Itaú, assumiu a liderança em maquininhas no ano passado
O cenário competitivo explica a escolha da companhia, que no ano passado perdeu a liderança em maquininhas para a Rede, controlada pelo Itaú Unibanco. As pequenas e médias empresas são um segmento que a indústria considera pouco explorado, que paga comissões atrativas e demanda antecipação de recebíveis, produto mais rentável que o processamento de pagamentos.
A fórmula que junta integração ao banco controlador e foco em PMEs foi um dos elementos que garantiram à Rede a liderança de mercado a partir do segundo trimestre de 2023. Entretanto, analistas acreditam que a companhia deve ir além, passando a brigar também por preços, algo que o Itaú nega.
No Bradesco e no BB, a Cielo é considerada uma ferramenta importante para reter as pequenas empresas, que também são mais rentáveis para os bancos que as grandes. Daí porque os dois bancos têm considerado a empresa um ativo estratégico – inclusive o BB, que no início do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a considerar se desfazer da participação que detém na companhia.
Empresa já remunera controladores com 0,1% das transações
As relações comerciais entre a Cielo e os dois bancos já incluíam outra forma de remuneração. A companhia paga aos bancos uma comissão equivalente a 0,1% do volume de transações processado pelos clientes das instituições através de suas maquininhas. Essa remuneração foi mantida no contrato deste ano, que é válido até 1º de janeiro de 2025.
Procurados, Bradesco e BB não responderam até a publicação desta nota.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 11/01/24, às 18h01
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