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Bastidores do mundo dos negócios

Empresas tomaram R$ 30 bi com fundos voltados a negócios em dificuldades

Prazos vencem no meio do ano para muitas companhias, que vão precisar de novas soluções

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Daniel Wainstein diz que sua empresa abriu uma nova frente, para estruturação e distribuição de instrumentos de renda fixa Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

Com os bancos segurando crédito e o mercado de capitais fechado após a surpresa e o estresse com o anúncio do rombo da Americanas, muitas companhias recorreram aos fundos de “special situations” (situações especiais), ou “special sits”, para sair do sufoco. Esses fundos, especializados em investir em empresas em dificuldades, despejaram R$ 30 bilhões nas companhias que ficaram estranguladas com a crise de liquidez a partir de janeiro do ano passado. A estimativa é da Seneca Evercore, assessoria financeira independente que intermediou várias operações junto a esses fundos para seus clientes, em meio a uma das maiores secas liquidez dos últimos anos.

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O sócio sênior da empresa, Daniel Wainstein, com a experiência de anos no Goldman Sachs, no Brasil e nos EUA, conta que muitas dessas companhias obtiveram carência de 12 meses para o pagamento dos empréstimos e terão de buscar novas soluções para honrar compromissos com as casas de “special sits” no meio do ano. Isso deve movimentar os negócios de grupos como a Seneca Evercore, envolvendo soluções de mercado, por meio da estruturação de instrumentos de dívida, de fusões e aquisições (M&As) e injeção de liquidez em troca de ações.

“Vemos uma série de casos nos quais a conta chegou e as companhias, sem mudança material em seus fundamentos, vão ter de repensar seu balanço”, diz o executivo. Por conta do alto risco dos ativos em que investem, empresas com dificuldades, normalmente o dinheiro desses fundos é caro.

Mercado criou concorrência aos bancos

Wainstein afirma que o desenvolvimento do mercado de capitais, por meio das plataformas de investimentos, gestoras independentes e “family offices”, tem sido fundamental para as empresas no acesso aos recursos, antes concentrados somente nos grandes bancos. “Hoje a concorrência aos bancos vem do mercado de capitais e a queda da taxa Selic começa a se refletir nos custos de captação para as empresas”, afirma.

O executivo afirma que sua própria empresa, fundada há dez anos com foco em operações de fusões e aquisições, abriu uma nova frente, para estruturação e distribuição de instrumentos de renda fixa, para atender demanda de seus clientes e ter uma visão mais apurada do apetite dos investidores. De toda a forma, diz Wainstein, a intenção é manter sua empresa como uma plataforma aberta para compor transações, quando necessário, com bancos e outros investidores.

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A nova área é tocada por três sócios. Um deles é Nelson Campos, que foi um dos pioneiros do mercado brasileiro em títulos de securitização, um dos responsáveis pela implementação da Ourinvest Real Estate. Outro sócio é Luis Miraglia, que foi, por muitos anos, chefe da área de renda fixa do Morgan Stanley para a América Latina. O terceiro é Joaquim Oliveira, que já está na Seneca desde abril do ano passado e antes foi CEO do Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados.

Segundo Wainstein, a Seneca Evercore anuncia anualmente de 8 a 10 transações e que podem chegar a 15, considerando aquelas que não são públicas, como muitas das que envolveram os fundos de “special sits” no ano passado. Os mandatos da Seneca estão sempre relacionados a soluções de liquidez, envolvendo busca de recursos entre gestoras, operações de fusão e aquisição e captação por meio de emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) ou Imobiliários (CRIs).


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 18/03/24, às 16h52

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