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Bastidores do mundo dos negócios

Empresas voltam a captar e turbinam receitas dos bancos de investimento

Há uma fila de empresas interessas em abrir o capital na B3, mas isso só deve ocorrer em 2024

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O aquecimento do mercado de capitais desde maio ajudou a melhorar os ganhos dos bancos de investimento no segundo trimestre. Várias ofertas grandes de ações de empresas já listadas (follow-nos), como Localiza e Vamos, e o fechamento de captações de renda fixa ajudaram a melhorar os números de bancos como BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e Bradesco BBI. A tendência é que os negócios continuem aquecidos. Há uma fila de empresas interessas em abrir o capital na B3, mas esse tipo de operação só deve ganhar tração em 2024.

A aposta no corte de juros começou a virar consenso no mercado em meados de maio - e se confirmou na semana passada. No mesmo período, a reforma tributária avançou, o arcabouço fiscal foi aprovado e as agências de rating, para a surpresa dos economistas, ficaram mais otimistas com o Brasil. Esse movimento ajudou a destravar uma série de operações, com destaque para os follow-ons (ofertas de ações de empresas já listadas).

Várias ofertas grandes de ações de empresas já listadas (follow-nos), como Localiza e Vamos, e o fechamento de captações de renda fixa ajudaram a melhorar os números de bancos como BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e Bradesco BBI Foto: ACERVO ESTADAO

O começo de 2023 foi difícil. Em janeiro, a revelação do escândalo na Americanas travou os mercados por semanas. De janeiro até maio, foram apenas quatro follow-ons na B3, e para emplacar alguns, como o da Hapvida e da Dasa, os controladores precisaram entrar na operação. De maio até o final de julho, o cenário melhorou: foram feitas ofertas que movimentaram mais de R$ 10 bilhões. Teve ainda a transação da Copel, que captou R$ 5,2 bilhões, uma das maiores operações do ano.

BTG teve alta de quase 20% na receita no segmento

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A recuperação do mercado se refletiu nos bancos. O BTG Pactual viu melhora de 17,5% na sua receita no segmento de banco de investimento no segundo trimestre, para R$ 306 milhões. A instituição assessorou ofertas de ações que somaram perto de R$ 13 bilhões entre abril e junho, bem acima dos R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre. “No início do ano antecipávamos um mercado bastante desafiador”, disse o presidente do BTG, Roberto Sallouti, ressaltando que a tendência é de melhora. “As perspectivas estão boas”, afirmou.

O presidente do Itaú, Milton Maluhy, também vê melhora pela frente nos negócios do mercado de capitais, com os sinais mais positivos na economia e a queda dos juros. “Prevemos uma atividade do mercado de capitais mais robusta no segundo semestre.” No Itaú BBA, as receitas subiram 24% no segundo trimestre ante o primeiro.

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No Bradesco, só as receitas com assessoria financeira cresceram 70% no segundo trimestre ante o primeiro - incluindo custódia e corretagem, a expansão foi de 21%. Foram 78 operações assessoradas no segundo trimestre, das quais quatro de fusões e aquisições e quase 70 de renda fixa.

Para Bradesco, segundo semestre é promissor

A perspectiva no Bradesco BBI é de um segundo semestre com mais operações. O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse que há uma fila de operações de clientes do atacado para o segundo semestre e há chance até de alguma oferta inicial de ações até o final do ano. “Vemos com expectativas boas [a retomada de IPOs]”, disse ele, destacando que há várias operações no forno, esperando somente a janela ideal em termos de preço.

No Banco do Brasil, que é sócio do UBS na atuação em banco de investimento, a receita na área foi de R$ 85 milhões, alta de 7,7% ante o primeiro trimestre. O vice-presidente de Riscos do BB, Felipe Prince, também avalia que as perspectivas para o mercado de capitais são mais favoráveis no segundo semestre. O UBS BB foi um dos coordenadores da oferta bilionária que privatizou a Copel.

O diretor financeiro do BV, Ronaldo Helpe, observa que no início do ano, a atividade de banco de investimento ficou bem parada, mas no segundo período melhorou e conseguiu compensar o começo fraco. “A despeito de o mercado ter ficado parado nos três primeiros meses do ano, a praticamente atingimos o orçamento [do semestre todo] nos três últimos meses.”

Estreias na Bolsa devem voltar com mais força a partir de 2024, diz Citi

Embora as perspectivas sejam positivas, a janela para IPOs, fechada há dois anos, ainda não deve reabrir. O presidente do Citi Brasil, Marcelo Marangon, afirma que as estreias na Bolsa devem voltar com mais força a partir do primeiro semestre de 2024. “As empresas que têm bom posicionamento nas suas indústrias, boa disciplina e bom track record [histórico], serão priorizadas. Por isso, achamos que os follow-ons vão liderar essa retomada.”

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Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 11/08/23, às 13h07.

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