Enquanto decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Ministério da Educação geraram incerteza em relação ao modelo de negócio dos grandes grupos consolidadores cursos de graduação em saúde, as empresas voltadas à educação continuada de quem já é formado continuam ganhando musculatura. O Grupo Educacional Primum, por exemplo, está chegando ao Japão, por meio de uma parceria que oferecerá cursos online a brasileiros que trabalham naquele país.
O Primum foi formado, no fim do ano passado, a partir da fusão do curso preparatório para residência médica Aristo com a BBI of Chicago e CBI of Miami, que oferecem pós-graduação na área de saúde mental. Juntos, eles adquiriram a BWS, que se tornou a Faculdade Primum, em São Paulo. Atualmente, os alunos fora do Brasil representam 10% do total de matriculados. A expectativa é chegar a 30% em cinco anos.
Segundo João Magalhães, CEO do Primum, entre os próximos passos da estratégia de crescimento estará a aquisição de uma empresa de tecnologia especializada em inteligência artificial, que entregará práticas mais efetivas aos alunos que estudam tanto presencialmente quanto pelo remoto. O sistema ajudará na tomada de decisão em tempo real em casos médicos.
Fundos de private equity lideram consolidação do ensino continuado
Os fundos de private equity têm liderado o movimento de consolidação do ensino continuado em medicina. Criado com aporte de valor não revelado da gestora Leste Private Equity, de Emmanuel Hermann, o Primium oferece capacitações técnicas a mais de 35 mil médicos, profissionais da saúde e especialistas em saúde mental e prevê faturar R$ 140 milhões este ano.
Já a DNA Capital tem a plataforma Sanar, que comprou a empresa de ensino de especializações médicas Cetrus, por R$ 166 milhões no ano passado. A aquisição contou com a participação da Península Investimentos, de Abilio Diniz, e do Green Rock, dos fundadores do laboratório Salomão Zoppi. Além da própria DNA, do Valor Capital e da Vox Capital.
Em relação às grandes empresas de graduação, que disputaram por preços altos os cursos de medicina nos últimos anos, uma decisão do Supremo determinou que a criação de vagas deve seguir a Lei do Programa Mais Médicos. Isso significa que, caso desejem abrir novas vagas, as faculdades privadas terão de participar de um chamamento público, que leva em conta os lugares nos quais há demanda por profissionais e necessidade de oferta de cursos. Há, porém, grupos educacionais que têm pedidos com documentação de criação de novos cursos em estágio avançado de análise, que poderão seguir com o processo. Em regiões mais pobres e mais carentes por médicos, haveria pouca demanda de alunos.
Ações do setor do ensino superior privado tiveram perdas
Com isto, as ações das empresas de educação enfrentam perdas generalizadas. A Ânima, um dos grupos com maior número de vagas em medicina, teve queda de 7,53% no último mês. Já a Afya, líder da área, perde 5,86%, enquanto a Cogna cai 5,07% e a Yduqs tem alta de 0,82%.
De acordo com Magalhães, os cursos de educação continuada não devem sofrer com as mudanças, uma vez que o número de vagas de residência médica continua estável e tende a ser mais disputado pelos recém-formados. Essa realidade beneficia cursos preparatórios como os da empresa. As especializações também continuarão a ser necessárias, afirma.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 23/08/23, às 15h12.
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