A gestora de recursos EQI Asset está preparando o lançamento de um segundo fundo para a construção de prédios residenciais de alto padrão em Balneário Camboriú (SC), cidade com o metro quadrado mais valorizado do mercado imobiliário nacional. A estimativa é de iniciar a captação no fim do ano e levantar algo próximo de R$ 500 milhões, que serão usados para erguer dois a três empreendimentos na região em parceria com incorporadoras locais, entre outras estratégias no setor. O objetivo será lucrar com a venda dos apartamentos ao longo dos próximos anos.
A EQI, que nasceu e cresceu em Balneário antes de abrir um escritório na Faria Lima, percebeu que havia demanda dos clientes para investir no mercado imobiliário local. Os incorporadores catarinenses, entretanto, não tinham tradição de acessar o mercado de capitais, salvo algumas poucas exceções, que tomaram financiamento via emissão de certificados de recebíveis imobiliários.
“Ainda não é comum ver sócios financeiros no mercado imobiliário de Santa Catarina”, contou à Coluna Leonardo Magalhães, cogestor do setor imobiliário da EQI, referindo-se ao mercado de capitais. Já os bancos são financiadores tradicionais da construção e da aquisição de imóveis. “Boa parte das empresas locais são familiares e estão capitalizadas. Outras não têm tanta governança corporativa para acessar o mercado”, acrescentou.
Primeira iniciativa ocorreu em 2023
Para testar o mercado, a EQI lançou um primeiro fundo para o setor no fim do ano passado, quando captou R$ 80 milhões e atraiu cerca de 2 mil cotistas. Com isso, tornou-se sócio majoritário (70%) de um empreendimento que está sendo lançado agora, em parceria com a incorporadora Aikon (30%).
O prédio residencial terá 56 andares – o que é considerado alto na maioria das cidades do Brasil, mas é comum por lá. O projeto terá dois apartamentos por andar, com plantas de 160 m² e preço anunciado na faixa de R$ 3 milhões. Isso equivale a R$ 20 mil por metro quadrado, algo comparável a prédios de médio-alto e alto padrão de Perdizes ou Itaim, bairros nobres de São Paulo. Ao todo, a expectativa é movimentar R$ 300 milhões em vendas com o primeiro projeto.
O outro cogestor da área na EQI, Luís Eduardo Mangini, contou que os compradores desses apartamentos são, na maioria, empresários da própria Região Sul, fazendeiros do Centro-Oeste, além de estrangeiros, que usam os imóveis para moradia ou veraneio. “Quem compra em Balneário é porque elegeu esse o lugar para se estar”, observou Mangini. “Tem quem prefira ir para Balneário do que para Miami”, acrescentou Magalhães.4
Público paga à vista
De modo geral, este público paga pelo imóvel à vista ou durante a fase de obra até a entrega, sendo que poucos recorrem a financiamento. O estoque de unidades não vendidas na planta, em obras ou recém-construídas por lá está equilibrado, segundo Mangini. “O que é construído é vendido. Não vemos um crescimento de estoque que pressione os preços para baixo. E como quem compra busca moradia ou veraneio, há pouco índice de revenda”, apontou.
Na média, o metro quadrado em Balneário é de R$ 13,1 mil segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), batendo capitais onde o mercado também é aquecido, como São Paulo (R$ 10,9 mil) e Rio (10,0 mil). Nos últimos 12 meses até maio, os preços na região subiram 6%.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 19/06/24, às 14h10.
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