A reaproximação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou três países do continente africano com 160 empresários no fim de agosto, já começa a movimentar alguns negócios e há expectativa de que outros venham na esteira, segundo João Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África (Ibraf). No fim de outubro, a entidade realiza seu 11° fórum, que pretende estimular parcerias entre o Brasil e os países da região.
Desde o início do mês, por exemplo, a Latam voltou a voar a Joanesburgo, após três anos sem voos diretos entre o Brasil e a cidade da África do Sul. A Royal Air Maroc, que suspendeu a conexão direta com o País na pandemia, também tem a perspectiva de voltar a voar para cá.
Além da intensificação das viagens entre as regiões, a expectativa é que financiamentos intermediados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo African Export-Import Bank (Afreximbank) voltem a estimular os negócios. Em junho, as duas instituições estruturaram a primeira operação para exportação de três aeronaves da Embraer. O financiamento de R$ 250 milhões se dará por meio da linha BNDES Exim Pós-embarque.
Política externa da gestão Bolsonaro deixou África longe das prioridades
Nos últimos anos, a política externa do governo Bolsonaro deixou a região longe das relações comerciais prioritárias do País. Assim, enquanto em 2013 o fluxo comercial entre o Brasil e o continente foi de US$ 28,5 bilhões; no ano passado, ficou em US$ 21,3 bilhões. Comparativamente, o comércio total dos Estados Unidos com o continente africano ultrapassou US$ 72,5 bilhões em 2022, de acordo com o US Census Bureau. Já a China teve recorde comercial de US$ 282 bilhões.
A influência econômica e comercial de Pequim sobre o continente cresceu substancialmente na última década por conta de mecanismos como o Fórum de Cooperação China-África e o cinturão econômico da nova rota da seda (conhecido pela sigla em inglês BRI). A China rapidamente avança para superar a União Europeia como o principal parceiro comercial da África, aproximando o saldo total de US$ 312 bilhões do bloco.
Segundo Monte, porém, o continente africano não é dominado pelos chineses. Há posicionamentos diferentes em cada país africano em relação à nova configuração do comércio internacional, na qual os EUA estão atraindo empresas para produzir perto de seu mercado consumidor (nearshoring). Cabe ao investidor, tanto brasileiro quanto africano, encontrar a melhor alternativa para seu negócio, diz ele.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 18/09/23, às 17h04.
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