A fintech Conta Simples quer apostar no crédito em 2024. Fechando o ano com 30 mil empresas em sua carteira de clientes e volume de recursos movimentado de R$ 17 bilhões, a empresa acaba de receber autorização do Banco Central para atuar com empréstimos, um processo que levou mais de dois anos e acabou coincidindo com o momento em que a fintech atingiu seu ponto de equilíbrio financeiro. Alcançar o chamado “breakeven” é algo que passou a ser decisivo para startups atraírem investidores.
A Conta Simples nasceu em 2018, primeiro com a ideia de ter uma conta digital, que evoluiu para um cartão corporativo com a bandeira Visa e se transformou em uma fintech, que também investe em software, focada no gerenciamento de gastos das empresas. “A conta corrente virou um acessório para os outros produtos”, conta o CEO e cofundador, Rodrigo Tognini.
Entre os clientes, estão empresas de pequeno porte, de dez a cem funcionários, incluindo algumas startups que surgiram nos últimos anos. Só em cartões, os clientes movimentaram R$ 5 bilhões em 2023 (o chamado TPV, no jargão do setor), crescimento de quase duas vezes em relação a 2022. Em receita, a expansão é de quase três vezes, mas a fintech não revela o número.
Na última rodada, empresa captou R$ 126 milhões de investidores
A última rodada de captação da Conta Simples foi em dezembro de 2021, de R$ 126 milhões, liderada pela JAM, o fundo do investidor e fundador do Tinder, Justin Mateen, e pela Valor Capital. Depois, com a alta de juros no mundo, o mercado se fechou e as captações pararam. Tognini conta que esses recursos ainda são utilizados.
Com novos e grandes investidores, a pressão para crescimento cresceu e os indicadores financeiros da empresa começaram a piorar. Assim, no meio do ano passado, a fintech colocou em prática um plano para queimar menos caixa e melhorar a eficiência financeira. Foi nesse período que chegou na Conta Simples a diretora financeira Taeli Klaumann. Ela conta que uma das estratégias foi aumentar o número de produtos oferecidos e investir em tecnologia.
A nova estratégia trouxe o equilíbrio financeiro na reta final de 2023 e um ano antes do previsto. A fintech não revela muitos números. Tognini conta que há um ano a margem Ebitda (o lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortizações) estava negativa, na casa dos 70% a 80%. “Foi uma guinada muito forte de melhoria de eficiência na empresa”, diz o cofundador.
‘Breakeven’ passou a ser meta essencial
E para os investidores, este ponto passou a ser essencial. “Em 2021, a primeira pergunta quando a gente ia falar com investidor era sobre a taxa de crescimento, em 2022 era sobre a margem Ebitda e em 2023 é sobre o breakeven”, conta o executivo.
No crédito, a autorização do BC – chamada de Sociedade de Crédito Direto (SCD) – exige que a fintech use seu próprio balanço, com recursos próprios ou captando no mercado, por meio de um fundo de recebíveis, por exemplo. “Para ser um participante relevante no mercado financeiro, não tem como não entrar no jogo de crédito”, afirma Tognini. “Ao mesmo tempo, o crédito tem muito risco.” Por isso, a atuação será “cadenciada”, sem muita euforia e com toda estrutura dentro de casa, segundo a fintech.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 21/12/23, às 13h09
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