Os fundos de investimento em infraestrutura tiveram um crescimento relevante no número de cotistas e em patrimônio nos últimos 12 meses, em grande parte refletindo as mudanças de regulação que começaram a ocorrer no final do ano passado, que passaram a tributar os fundos exclusivos e offshore, e restringiram a isenção de Imposto de Renda em um leque de títulos incentivados.
Um estudo da área de research da XP, liderado pela responsável por Fundos Listados, Maria Fernanda Violatti, mostrou que nos últimos 12 meses houve um crescimento de 202% no número de cotistas, para cerca de 300 mil, e de 126% no patrimônio dos fundos de infraestrutura listados, para mais de R$ 12 bilhões.
Além da migração de recursos provocada pelas mudanças tributárias, os retornos que estes fundos têm oferecido motivam mais alocações, de acordo com Violatti. Culturalmente, isenção tributária é um atrativo para investidores brasileiros. Mas no caso dos fundos de infraestrutura, a maior previsibilidade das receitas vindas da aplicação e o caráter defensivo de tais fundos aparecem também como pontos de atração.
Aportes em debêntures
A melhora no retorno dos fundos de infraestrutura vem como um reflexo da dinâmica desta demanda, que se relaciona diretamente com as debêntures incentivadas, nas quais os fundos de infraestrutura investem a maior parte dos recursos captados. As debêntures incentivadas – que oferecem isenção de imposto de renda para o investidor – são atualmente um dos principais instrumentos de captação usado pelas empresas que têm algum tipo de projeto de infraestrutura.
As projeções para este ano são de um volume recorde de emissões de debêntures incentivadas pelas empresas. Esses papéis ocuparam o espaço este ano de outros títulos incentivados em razão das alterações tributárias. Mas é um mercado estruturalmente em ascensão nos últimos anos, em consequência do recuo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento às companhias e da maior liquidez do mercado secundário.
O estudo conclui que os fundos de infraestrutura continuarão avançando em tamanho, à medida que o País tem uma agenda grande de projetos no setor e que precisará contar com recursos do setor privado. O mesmo é esperado em termos de retorno, uma vez que continua a migração de investidores de estratégias de investimento que passaram a ser tributadas.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 19/08/2024, às 15h54.
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