A startup brasileira Eco Panplas dará início nos próximos dias ao plano para levar seu negócio verde a novos países. A empresa atua na chamada economia circular e foi reconhecida globalmente por desenvolver uma patente para reciclar embalagens de óleos lubrificantes sem o uso de água, o que reduz drasticamente o impacto do processo. O negócio apura receitas com as vendas do plástico recuperado e ainda consegue revender o óleo residual retirado das embalagens que recupera.
O palco para o avanço na internacionalização será o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O evento começa na segunda-feira, 15. A greentech brasileira foi uma das 12 escolhidas no mundo pelo próprio fórum para apresentar sua tecnologia. A exposição traz implicações práticas. No encontro, a expectativa é fechar o apoio de gigantes mundiais de setores como óleo e gás, petroquímica e plásticos, para investimentos que ajudem na internacionalização, diz Felipe Cardoso, sócio fundador da companhia.
Segundo o executivo, desde que a startup foi selecionada pela organização do fórum, os contatos com potenciais investidores recebidos pela área de M&A (fusões e aquisições) dispararam e deram início a negociações que devem ser seladas na Suíça.
Empresa busca investidor estratégico
A empresa já vinha sendo assediada por investidores, mas esperava encontrar um nome que pudesse trazer mais que recursos. “Precisamos de um investidor estratégico que possa ajudar a captar os suprimentos”, afirma Cardoso. A referência são as empresas de óleo e gás, que podem contribuir para aprimorar o processo de coleta de resíduos ao longo da cadeia.
Fundada por Cardoso, com passagem por multinacionais, e executivos com experiência no setor de reciclagem, a startup passou seis anos desenvolvendo e validando a tecnologia que a levou à patente da reciclagem seca, única no mundo. O processo evita a contaminação de 1 milhão de litros de água para cada litro de óleo recuperado. Em escala, são 17 bilhões de litros de água para cada 500 toneladas de plástico, o que representaria evitar emissões de 800 toneladas de CO2.
Hoje, o processo produtivo da reciclagem é feito em uma planta em Hortolândia, no interior de São Paulo. A expansão no Brasil já está no forno, a partir de conversas avançadas com investidores locais. O plano é escalar a produção para seis novas unidades, com capacidade para reciclar 30 mil toneladas de plástico por ano. O investimento para a construção das novas unidades é de R$ 60 milhões. Quando estiverem prontas, devem elevar o faturamento para pouco mais de R$ 200 milhões. Hoje, as receitas ainda estão abaixo de R$ 10 milhões.
Negócio tem grande espaço para crescer
Além do aspecto sustentável e a ressonância que tem com o objetivo de grandes companhias de neutralizar a cadeia, há um grande potencial de negócio. Hoje, o percentual de reciclagem nas embalagens de óleo lubrificantes representa cerca de 9% do total vendido. O Brasil, com uma frota de 115 milhões de veículos, é um dos maiores mercados do mundo. A greentech acredita que é possível chegar a pelo menos 40% de reciclagem do total gerado.
“É uma questão que tem valor econômico-financeiro para grandes empresas, que precisam olhar para essas questões”, afirma Cardoso. Os encontros no fórum incluem nomes como Chevron e Total Energies. A empresa não abre com quais companhias está negociando, mas diz que o investimento deve se dar pelo braço de aportes em startups dessas gigantes, o chamado Corporate Venture Capital (CVC).
A internacionalização mira os grandes mercados mundiais, como Estados Unidos e China, além de vizinhos mais próximos da América Latina, como Colômbia, Argentina e até o México. A greentech também trabalha para expandir a tecnologia de reciclagem seca para novos segmentos, como embalagens de óleo de cozinha.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 12/01/24, às 14h00
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