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Bastidores do mundo dos negócios

IA Generativa abre fronteira de lucros, gera corrida de investidores e maior polarização

Gestoras e fundos de investimento apostam fortemente na nova área

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Um dos sinais da atratividade da IA Generativa foi o interesse maciço e rápido pelo ChatGPT. O aplicativo levou apenas dois meses para atingir a marca de 100 milhões de usuários mensais ativos no mundo, de acordo com relatório do Softbank Foto: AP / AP

As gestoras de investimento querem descobrir a próxima Nvidia, a fabricante de chips para inteligência artificial (IA) que passou a valer mais de US$ 1 trilhão em meio ao rápido avanço desse tipo de tecnologia. Nomes como o Softbank, o maior investidor de tecnologia do mundo, a B Capital, empresa que tem como sócio o brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, e outros fundos resolveram apostar fortemente na IA Generativa. A tecnologia é capaz de gerar, em segundos, textos, imagens, vídeos e traduções e virou assunto no mercado financeiro global.

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Gestores e profissionais do setor de tecnologia garantem que a IA Generativa não é só um modismo, como tantos outros que apareceram nos últimos anos. Terá efeitos “potencialmente grandes”, nas palavras dos analistas do Goldman Sachs, na economia mundial nos próximos anos. O banco americano estima que essa tecnologia pode provocar um aumento de 7% no Produto Interno Bruto (PIB) mundial - um impacto de US$ 7 trilhões. Nada menos que 300 milhões de vagas podem passar a ser automatizadas, estima a análise.

“Cada estágio da transformação digital traz tremendas novas oportunidades de investimento. Aconteceu assim com os celulares, com a nuvem e agora está acontecendo com a IA Generativa”, afirmou o chairman da B Capital, Howard Morgan, em uma conversa com o Boston Consulting Group. “Essas tecnologias são aplicadas em formas e verticais diferentes, dando oportunidades que não existiam há dois anos.” A B Capital fechou no começo deste ano seu terceiro fundo, de US$ 2,1 bilhões, para investir em empresas com potencial de expansão.

Japonês Softbank vê potencial ilimitado na IA Generativa

O Softbank, o nome por trás de empresas como o Nubank e Rappi, vê “potencial ilimitado” na IA Generativa. O investidor japonês, aliás, está investindo em seu próprio projeto de IA, que vai comprar chips da Nvidia. Em reunião com investidores no começo de junho, o fundador do grupo, Masayoshi Son, disse que o Softbank vai buscar de forma “agressiva” investimentos no segmento, saindo do “modo defensivo” que estava para novos investimentos por conta das perdas recentes. Só em caixa para investir, o Softbank tem US$ 35 bilhões. “Gostaríamos de estar em uma posição de liderança para a revolução da IA”, afirmou a investidores, segundo a imprensa japonesa.

Um dos sinais da atratividade da IA Generativa é o interesse maciço e muito rápido pelo ChatGPT. O aplicativo levou apenas dois meses para atingir a marca de 100 milhões de usuários mensais ativos no mundo, uma velocidade sem paralelos até agora, de acordo com um relatório do Softbank. Na comparação com outras tecnologias, o TikTok, a rede social mais usada pelos jovens, levou nove meses para atingir essa mesma marca; o Instagram demorou 28 meses e o Facebook, 54 meses.

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Mudanças sem precedentes são estimadas na economia global

Essa tecnologia vai provocar mudanças sem precedentes na produtividade e na eficiência da economia mundial, disse o sócio da Valor Capital, Michael Nicklas. Por isso o interesse dos fundos em financiar empresas desse segmento, que o fundador da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, avalia como “globalização 2.0″, na medida em que essa tecnologia cresce “exponencialmente” e pode trazer mais crescimento e aumentar o lucro das empresas de tecnologia.

“Ninguém podia imaginar que o ChatGPT teria a criatividade e inteligência que tem essa tecnologia e por isso estamos vendo essa corrida do mercado financeiro para se posicionar em IA”, disse Luis Quiles, diretor de IA da NTT DATA. De acordo com ele, não à toa a Microsoft investiu US$ 10 bilhões em um acordo de exclusividade com a Open IA, que criou o ChatGPT.

Embora a Microsoft esteja numa corrida nos últimos meses para garantir a liderança, estão também outras empresas como Google e Amazon nessa corrida. Para Quiles, entretanto, a luta pode ser inglória porque há um batalhão de interessados em desenvolver o mesmo modelo e, ao mesmo tempo, matando várias startups que vinham trabalhando em tecnologias de IA, pré-ChatGPT. Quiles, da NTT, acrescenta ainda que essa tecnologia trará mudanças gerais no modo como “se fazem as coisas” em dois anos, seguida pelo uso dos agentes autônomos de IA, que tomarão as decisões sozinhas.

Fundador da Eurásia prevê mais polarização com IA

Bremmer, da Eurasia, faz uma analogia entre a IA Generativa e a revolução industrial, que colocou à disposição energia barata e criou uma nova classe média. Pelo lado negativo, desencadeou as mudanças climáticas. Já a IA pode trazer problemas como disseminação ainda maior de notícias falsas. A nova tecnologia vai criar empregos, mas vai destruir outros, com pessoas que podem não conseguir se recolocar tão rapidamente. Ao se conectarem com grupos de outras pessoas descontentes com a perda de seu emprego, pode desencadear o ódio contra governos e instituições, na avaliação de Bremmer. “A polarização e o ódio que vemos na democracia podem ficar ainda piores com a IA”, diz o fundador da Eurasia.

Pelo lado das empresas de tecnologia, o otimismo com a nova tecnologia está nas alturas. “É um foco de muitas indústrias. É algo que nos deixa muito mais eficientes”, comenta Tory Jackson, chefe de desenvolvimento de negócios e estratégias para América Latina da Galileo. E essa tecnologia já é uma realidade e deve afetar os mais diversos setores da economia. No caso dos bancos, vai ajudar a criar os “bancos que conversam” com seus clientes e ajudam suas necessidades de forma muito rápida.

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Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/07/23, às 16h14.

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