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Bastidores do mundo dos negócios

Ibema investe R$ 150 milhões em florestas para fortalecer produção de papel cartão

Indústria comprou 4 mil hectares de terras no Paraná para garantir suprimento de matéria-prima

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Foto do author Jorge Barbosa
Atualização:
Ibema é a terceira maior produtora de papel cartão do Brasil Foto: Divulgação/Ibema

A Ibema, terceira maior produtora de papel cartão do Brasil, encerrou seu programa de compra de florestas no Paraná, que envolveu a aquisição de cerca de quatro mil hectares de terra em um ciclo de R$ 150 milhões em investimentos. A iniciativa tem como objetivo garantir o suprimento da matéria-prima no longo prazo, reduzindo a necessidade da companhia ir ao mercado para comprar madeira de terceiros.

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Dentro dos quatro mil hectares de terras adquiridos, metade é voltada para a produção comercial e o restante é formado por mata nativa. A distância entre as florestas e a fábrica de papel cartão (raio médio, como é chamada a métrica de avaliação pelo mercado) da companhia em Turvo (PR) fica próxima de 100 km, número considerado competitivo para o setor.

Além da fábrica de Turvo, que produz embalagens a partir da fibra virgem, com o uso principalmente de pasta mecânica e celulose de fibra curta, a Ibema tem uma segunda instalação voltada para a produção de papel cartão reciclado em Embu das Artes (SP).

Valor estratégico

De acordo com o diretor comercial da Ibema, Julio Guimarães, o avanço na aquisição de terrenos integrou parte da estratégia da companhia voltada para uma expansão futura. Ela era planejada para fortalecer a produção de cartões a partir da fibra virgem, mas o investimento em aumento de capacidade foi deixado em compasso de espera, em função da maior entrada de produtos importados no Brasil, impulsionada pelo aumento de oferta na China.

Ainda assim, as novas terras continuam trazendo valor estratégico para a empresa. Parte dos terrenos não está com as árvores em idade adulta, o que significa que o valor dos ativos biológicos vai aumentar ao longo do tempo. Para além do abastecimento futuro de madeira, os executivos estão avaliando formas adicionais de geração de valor para as áreas adquiridas. “As florestas representam uma nova unidade de negócio para a Ibema” , acrescentou Guimarães.

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A empresa também tem fortalecido o processo de internacionalização, tendo inaugurado no início do ano um escritório em Miami, nos EUA, com foco em alcançar novos clientes na América do Norte, América Central e Caribe. A produtora de papel cartão tem também unidades comerciais em Buenos Aires, na Argentina, e na Europa, em Portugal e no Reino Unido.

Avanço da reciclagem

De origem familiar, a Ibema tem passado por profundas transformações nos últimos anos, impulsionada pela entrada da Suzano como sócia (com 49,9% de participação), o que trouxe sólidas sinergias e intenso aprendizado para a companhia. O portfólio de clientes da empresa é voltado principalmente aos setores alimentício, farmacêutico e cosmético.

Desde a nova configuração societária, a Ibema tem trabalhado para fortalecer a exposição em soluções ambientalmente mais amigáveis no mercado de embalagens, acompanhando a forte tendência do uso de papel cartão em substituição ao plástico.

Outra frente está no papel cartão reciclado, em que a empresa consegue produzir com quase o mesmo nível de qualidade do produto feito a partir de fibra virgem, o que é considerado um desafio no setor. O aumento da oferta desse produto, batizado de Ritagli, faz com que a Ibema impulsione a economia circular em suas operações.

Um dos exemplos citados por Guimarães é o das embalagens que preenchem os perfumes e maquiagens do Boticário, que são feitas a partir do papel cartão reciclado.

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Novas regras

Segundo o executivo, existe forte interesse da empresa em aumentar a oferta de papel cartão reciclado, e novos avanços regulatórios voltados para a Política Nacional de Resíduos Sólidos podem impulsionar a demanda futura para o produto, visto que as novas regras estimulam a economia circular e a reutilização de materiais.

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“Conseguimos construir de um ano e meio para cá uma estrutura de logística reversa onde conseguimos retornar para a fábrica resíduos pós-consumo presentes no varejo, então realizamos a separação da fibra sobre o restante do lixo. Em seguida, conseguimos transformar o material em um novo cartão”, disse Guimarães.

O executivo destacou o fato de a Ibema conseguir inserir cada vez mais no processo de reciclagem o resíduo pós-consumo, ou seja, embalagens que chegam até o consumidor final, o que é tido como um desafio do setor, dado que a economia circular é mais expressiva para os resíduos pré-consumo, que representam aqueles materiais não utilizados pelas indústrias.

Uma das estratégias para avançar no pós-consumo tem sido o fortalecimento do relacionamento direto com os catadores, que acontece por meio da implantação de um ponto de coleta em frente à fábrica da companhia em SP. Seguindo Guimarães, a Ibema paga “o melhor preço de mercado” aos trabalhadores, reduzindo a necessidade de intermediários, como os aparistas tradicionais (empresários que compram papéis usados e selecionam para reciclagem).


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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 20/05/24, às 17h48

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