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Bastidores do mundo dos negócios

IFC, do Banco Mundial, destinará R$ 11 bi para pequenas e médias empresas no País

Objetivo é reduzir lacunas, que são mais acentuadas no N, NE e em negócios de mulheres

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Foto do author Matheus Piovesana
A falta de financiamento às pequenas empresas no Brasil é duas vezes maior em negócios comandados por mulheres Foto: Carlos Laerte/Estadão

A Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço de investimentos privados do Banco Mundial, planeja investir este ano até US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões) em projetos tocados por instituições financeiras brasileiras e voltados ao financiamento de pequenas e médias empresas. A instituição almeja dobrar esse valor com a participação de investidores privados.

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A IFC estima que há no Brasil uma lacuna de US$ 483 bilhões (R$ 2,6 trilhões) em financiamento para as empresas de pequeno porte, mais acentuada em regiões como Norte e Nordeste e em negócios comandados por mulheres. O objetivo dos programas em que investe é reduzir todas essas lacunas.

“Olhando somente para os números, o Brasil está um pouco atrás [de outros países da América Latina], o que é curioso, porque o Brasil tem todas as ferramentas”, afirmou ao Broadcast a gerente regional de Instituições Financeiras da IFC para Brasil e Cone Sul, Helena de la Torre.

Digitalização das finanças joga a favor

Na visão dela, o alto grau de digitalização das finanças no País joga a favor da distribuição de crédito para pequenas empresas. Isso porque modelos bancários tradicionais têm uma dificuldade crônica em chegar a negócios de pequeno porte.

A carteira da IFC para o Brasil gira em torno de US$ 6 bilhões (R$ 32,8 bilhões), e metade do montante é aplicado por meio de bancos e empresas como as de maquininhas de cartão. “O grupo de instituições financeiras não é formado apenas por bancos, mas também por instituições não bancárias que emprestem a PMEs, microempreendedores e indivíduos de baixa renda.”

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A instituição vem testando novos modelos. Em junho, anunciou um investimento de até US$ 250 milhões no Santander Brasil através de um bond (título de dívida) atrelado à concessão de crédito para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) nas regiões Norte e Nordeste. Foi o primeiro social bond em dólar a receber investimento da IFC no Brasil.

Diferença de gênero é grande

A gerente regional afirma que a falta de financiamento às pequenas empresas no Brasil é duas vezes maior em negócios comandados por mulheres. Não há uma discriminação direta, mas sim vieses inconscientes, ou seja, características implícitas em modelos de avaliação de crédito que decorrem do fato de que, historicamente, o sistema financeiro é formado por homens.

“É muito importante para nós ajudar os bancos a desenvolverem uma proposta com valor adicionado para as PMEs comandadas por mulheres, para que possam ter acesso a recursos”, afirma Helena. De acordo com ela, é comum que essas empresas tenham negócios que geram mais impacto social, e que deem maior apoio às comunidades em que estão inseridas.

A IFC tem um programa em parceria com o Itaú Unibanco para o financiamento a PMEs comandadas por mulheres desde 2014, e os resultados se tornaram exemplos para outros países. Em setembro, durante o SME Finance Forum, realizado em São Paulo, grupos vindos de regiões como Ásia e África visitaram o Itaú e outras instituições, do Bradesco ao Nubank, para conhecer os programas de cada uma.

Os resultados dos investimentos da IFC são medidos a partir de uma série de dados. “Definitivamente olhamos para os números”, diz a gerente geral. As instituições enviam relatórios à IFC todos os anos, com informações sobre o volume de empréstimos concedidos e para quais clientes foram.

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Mobilização de outros agentes

A mensuração dos resultados ajuda a mobilizar outros investidores, sejam organizações multilaterais ou agentes privados, a acompanharem os aportes. O braço do Banco Mundial para o setor privado busca estes investimentos em conjunto por enxergar o potencial de ampliar em até 1,5 vez o tamanho de cada operação.

“Investidores internacionais às vezes têm um conhecimento geral, mas não conhecem as regulações ou possíveis impedimentos de países em que não estão”, diz Helena. “Eles sabem exatamente como a IFC opera, que somos muito diligentes e que seguimos padrões de desempenho.”

No caso brasileiro, esta atuação tem sido importante para ajudar nas emissões de títulos ESG (com características positivas do ponto de vista ambiental, social e de governança). A IFC entra como “investidora-âncora”, ficando com boa parte das emissões, e o restante é distribuído a outros investidores. A mesma lógica é utilizada em empréstimos diretos.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 04/10/2024, às 14h28.

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