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LIGGA prepara captação de até R$ 1,3 bi para ampliar serviços de banda larga

Empresa de telecomunicações é controlada pela Bordeaux Participações, do empresário Nelson Tanure

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Atualização:
Recursos seriam utilizados para expandir a rede de banda larga por fibra ótica Foto: Christian Hartmann/ REUTERS

A Ligga, empresa de telecomunicações controlada pela Bordeaux Participações, do empresário Nelson Tanure, está analisando as condições de mercado para emitir uma debênture incentivada de até R$ 1,3 bilhão. O dinheiro seria usado pela operadora para financiar a expansão da banda larga por fibra ótica, além de ampliar o seu portfólio de serviços de conectividade e tecnologia para empresas.

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A Ligga é a antiga Copel Telecom, com atuação no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Ela foi comprada pela Bordeaux em 2021. Atualmente, a empresa tem 45 mil quilômetros de rede de fibra óptica e mais de 300 mil clientes de banda larga - o que a coloca entre os maiores provedores do País. Para a operação financeira ficar em pé, a companhia contratou o banco Master, pertencente aos sócios Daniel Vorcaro, Mauricio Quadrado e Augusto Lima, que são parceiros de negócios de Tanure.

Neste momento, o processo está na fase de sondagem de interesse de investidores institucionais. O presidente da Ligga, Adeodato Volpi Netto (ex-banco Modal e Eleven Financial), disse à Coluna que a decisão de avançar ou não na emissão da debênture será tomada nos próximos 60 dias a 90 dias, dependendo do apetite que encontrar junto a esses investidores e de um pedido de registro como companhia aberta, o que tende a acontecer nesse período.

A ideia da emissão é otimizar sua estrutura de capital da companhia, que também aguarda o registro de companhia . Segundo Volpi Netto, não há pressa para emissão da nova dívida, pois a Ligga já tem recursos em caixa para os projetos em andamento neste ano. O grupo passou recentemente por uma injeção de capital de R$ 690 milhões realizada pelo Bordeaux. E no ano passado, a companhia emitiu sua primeira debênture de infraestrutura, no montante de R$ 1 bilhão.

Segmento de dívidas corporativas no Brasil recuou com incertezas na economia e dificuldades de empresas

O mercado de instrumentos de dívidas corporativas secou no começo do ano em virtude das incertezas sobre os rumos da economia brasileira e, principalmente, dá aversão ao risco causada pela revelação da fraude das Americanas e pelos casos de empresas chamando credores para renegociar empréstimos, como Light, Oi, Marisa e Tok&Stok. Este mercado está começando a reabrir, mas os investidores ainda têm pedido uma remuneração relativamente alta em troca dos financiamentos, ponderou o executivo.

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No caso da Ligga, a sua dívida bruta se resume a R$ 1 bilhão, com alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda) na faixa de 4,5 vezes no fim de 2022, de acordo com a agência de classificação de risco S&P. O primeiro grande vencimento da dívida da companhia virá somente em 2028, o que lhe dá uma certa folga para continuar crescendo, avaliou a agência. A receita da Ligga no ano passado ficou em cerca de R$ 600 milhões, com Ebitda de R$ 250 milhões e margem de 42%, segundo a S&P. A empresa ainda não divulgou suas demonstrações financeiras auditadas referentes a 2022. Em breve isso vai mudar, porque há planos de pedir o registro de companhia aberta (por enquanto sem uma oferta inicial de ações, IPO, que deve ficar para mais adiante), segundo Volpi Netto.

Na parte operacional, a estratégia para os próximos meses é ampliar a capilaridade da fibra ótica nas regiões onde a companhia já está presente e conectar mais clientes de banda larga nessa rede, com ganhos de margem. A operadora também busca fortalecer o portfólio de soluções para empresas, o que responde por quase metade do seu faturamento. Também está em andamento um processo de aquisição, mas isso não envolverá desembolso de caixa, disse o presidente. O objetivo aí é a compra de outros provedores por meio de troca de ações. O alvo são empresas regionais com boa qualidade de redes, mas sem fôlego financeiro para crescerem sozinhas. No momento, há dois ativos em vista e que podem vir a ser fechados na metade do segundo semestre.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 26/06/23, às 16h57.

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Contato: colunabroadcast@estadao.com

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