Após quatro anos operando marketplace de grãos nos Estados Unidos e ao menos dois preparando sua “tropicalização” para o Brasil, a empresa de tecnologia Indigo colocou na rua, em junho, o Market+. A plataforma foi estruturada para que compradores de grãos – tradings de médio porte, cooperativas e empresas de proteína animal e biocombustíveis – possam trocar a negociação por WhatsApp, impressões de contrato e e-mails por ofertas online e documentos assinados digitalmente. “Há mais apelo para consumidor que não é grande trading. Temos entre 50 e 80 no País por explorar”, diz Cristiano Pinchetti, o CEO. Nos EUA, mais de 30 empresas usam o Market+. A receita da Indigo (não revelada) dobrou em 2022, 50% dela no Brasil.
Pagamento por captura de CO2
A Indigo pretende replicar aqui programas dos EUA que geram valor adicional para os grãos. Um deles remunera quem for certificado por capturar carbono no solo. Nos próximos 12 meses a empresa trabalhará no modelo para, em 24 a 36 meses, ter produto comercial.
Uso de biológicos deve gerar valor
O desenvolvimento de defensivos biológicos “endofíticos”, que ficam dentro da planta, também visa gerar mais valor para os grãos negociados. A Indigo lançou em abril seu 2.º biológico próprio no Brasil, de um portfólio de 18 que inclui outras marcas, e planeja anunciar um por ano dentro de cinco anos.
Verdes
A possibilidade de receber de US$ 75 a US$ 150 por ano por hectare de floresta conservada animou 15 pecuaristas da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO) a participar do Programa REDD+, voltado a gerar créditos de carbono pela redução de emissões ligadas a desmatamento. No Pantanal, proprietários têm de conservar 50% da fazenda e podem explorar o restante. Os produtores interessados têm cerca de 300 a mil hectares de excedente de floresta, estima Eduardo Cruzetta, presidente da ABPO.
LEIA OUTRAS COLUNAS
Paga mais?
Com a maior parte de sua carne consumida em Mato Grosso do Sul, regiões Sudeste e Sul, a ABPO pretende criar um selo de produção para reforçar a consumidores os diferenciais ambientais do produto e obter renda extra. A entidade também recebeu contato de consumidores europeus e asiáticos, interessados na carne e no couro produzidos por associados. “De 70% a 80% deles têm potencial para aderir ao REDD +”, diz Cruzetta. As primeiras emissões de crédito devem ocorrer em 12 a 24 meses.
Longe do fogo
Após investir R$ 30 milhões em câmeras de alta definição e em um sistema de monitoramento por satélite de áreas de operação, a BP Bunge Bioenergia conseguiu reduzir pela metade a ocorrência de incêndios nos canaviais de 2020 a 2022. A empresa registrou queda de 52% das queimadas por hectare nas áreas próprias e de 50% em áreas próximas às 11 usinas do grupo, de onde o fogo criminoso costuma se alastrar.
Crédito seguro
A agfintech A de Agro espera ultrapassar R$ 1 bilhão em ativos movimentados em sua plataforma rural.uno até o fim deste ano. Nos últimos 12 meses, avaliou R$ 700 milhões em operações. A ferramenta, que usa inteligência artificial, territorial e algoritmos, analisa as carteiras de produtores para a concessão de crédito por gestoras de fundos e instituições financeiras. Rafael Coelho, o CEO da startup, conta que a tecnologia já chegou a operações de crédito de grandes bancos, como o BTG.
Vai sair
A Agência de Cooperação Internacional do Japão está finalizando acordo com a Embrapa para investir US$ 25 milhões em agricultura digital e de precisão no Brasil. O aporte deve ser destinado à pesquisa de algoritmos voltados à produção agropecuária, conta Carlos Augustin, assessor especial do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Segundo ele, o projeto estava em estudo há sete anos.
Sul da Bahia investe em subprodutos do cacau
Produtores de cacau do Sul da Bahia apostam em subprodutos, como mel e polpa, para lucrar mais. A empresária Claudia Sá, da Agrícola Cantagalo, maior produtora do Brasil, diz que só vender a amêndoa, origem do chocolate, não faz da atividade “lucrativa”. Entidades também capacitam produtores para dobrar de 5% para 10% , até 2030, a produção de cacau fino e especial
Esforço para destravar vendas de frango ao Japão
A indústria espera que o embargo do Japão à importação de carne de frango e aves vivas de Santa Catarina e do Espírito Santo seja suspenso após a visita do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao país nesta semana. Fávaro irá mostrar que os casos de gripe aviária em produção de fundo de quintal nos dois Estados não trazem riscos. / CLARICE COUTO, ISADORA DUARTE e GABRIELA BRUMATTI
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.