Os fundos de private equity, especializados em comprar participações em empresas, devem ter mais dois anos de desafios à frente, com as eleições presidenciais de 2026 se somando à já contratada alta do juro para este ano. “O setor gostaria de estar mais otimista em relação à captação e atração de capital estrangeiro, mas a tendência para 2025 é de piora do fiscal, por conta das eleições presidenciais em 2026, que normalmente causam preocupação nessa indústria, por conta das incertezas que cercam o pleito”, diz a presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), entidade que reúne as gestoras destes fundos, Priscila Rodrigues.
O volume de investimentos dos fundos em 2023 e começo de 2024 foi bem baixo, em meio à expectativa pela Reforma Tributária e as discussões sobre a situação fiscal do Brasil, e o que isso poderia ter de impacto nos negócios, segundo Rodrigues. Com o avanço da reforma e o entendimento do cenário macro, alguns fundos começaram a avaliar negócios, fazendo diligências em companhias, mas ainda não no ritmo de anos anteriores. “Os fundos têm capital para alocar. Os bancos têm começado a mostrar coisas”, completou.
Se no final de 2023 havia a visão de que os juros fossem cair ao longo de 2024, agora o consenso é que as taxas vão seguir em elevação em 2025, o que afeta a avaliação das companhias. O juro elevado, diz Rodrigues, reduz a capacidade de novas captações pelos fundos e prejudica a avaliação de preço das empresas. Pesa também na capacidade de desinvestimentos, ou seja, na venda das companhias que eles têm na carteira.
Ritmo de captações está menor
No entanto, ela acrescenta que as captações continuam acontecendo, embora não ao ritmo de anos anteriores, e que esse é um fenômeno global. “Ainda tem um volume importante indo para indústria, tem dinheiro novo, mas não a velocidade que estava”, observou.
Paralelamente, a executiva nota que há vários fundos no Brasil que captaram de 2020 a 2023 e têm pelo menos 50% dos recursos disponíveis para alocação. A questão é que com a Selic em patamares mais altos, a cautela e a seletividade aumentam. “Quem tem dinheiro para investir, vai definir termos e condições, escolher bem, vai encontrar menor competição para o mesmo ativo”, afirma.
As companhias podem ter de investir menos para cobrir despesas financeiras maiores ou enfrentar dificuldades de refinanciamento. Mas a presidente da ABVCAP acredita que o valor das companhias não tende a cair mais. Segundo Rodrigues, a expectativa da indústria era de melhora na avaliação das empresas em 2024, apoiada na previsão de queda do juro. “Agora existe entendimento que o juro não vai cair e os negócios vão ser anunciados nos atuais níveis”, afirma.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 02/01/2025, às 17:17.
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