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A Kobold, especializada na gestão de fundos creditórios (FIDCs), viu na pandemia uma oportunidade de expandir uma estrutura que sempre apostou: usar grandes empresas para fazer o crédito chegar aos pequenos. Diante da procura exacerbada por liquidez na crise, a gestora tem conversado com bancos e gigantes empresariais para estruturar linhas de empréstimos que suportem cadeias de fornecedores, cuja atividade sofre os impactos das medidas de isolamento social para conter a propagação da covid-19 no País.
Os negócios vão ficar sob o guarda-chuva de uma nova empresa, a Kobold.Capital. A ideia é explorar ecossistemas e reinventar o crédito corporativo. A nova empresa nasce com dois braços de atuação: um centrado em desenvolver infraestruturas de empréstimos e outro com foco na gestão de recursos de fundos especializados em crédito, onde tudo começou.
A ideia de dar vida própria ao negócios, relata o fundador da Kobold, Fernando Ribeiro, visa a endereçar a crescente demanda por parte de conglomerados empresariais e também dos bancos. Estes últimos veem nas grandes companhias uma forma de canalizar melhor o crédito aos fornecedores. O objetivo, assim, é atuar nas duas pontas, aproveitando o cenários de juros baixos.
Para endereçar a explosão de demanda na crise e incentivar o uso de grandes empresas para melhorar o risco e o custo das pequenas, a Kobold decidiu investir em um novo negócio, construído com base em parcerias. "A Kobold.Capital nasce com esse olhar. A ideia é atuar não somente com grandes empresas, mas também com players do sistema financeiro que buscam atingir capilaridade no crédito para ecossistemas", explica ele, em entrevista ao Broadcast.
Do lado do setor corporativo, há conversas com empresas dos setores de agronegócios, varejo, tecnologia, aço e logística, diz Ribeiro. "Algumas conversas tiveram início em janeiro, mas a demanda cresceu muito pós-pandemia", afirma.
No universo financeiro, a Kobold.Capital já estaria em tratativas com alguns bancos, inclusive novatos digitais. Um deles é o Modal, que recentemente teve uma fatia vendida ao suíço Credit Suisse. A parceria se dará tanto na captação de recursos quanto na infraestrutura de crédito, no intuito de alavancar os empréstimos no banco.
"Está faltando o mercado de crédito modificar a maneira de observar o risco. O sistema sabe precificar muito bem grandes nomes, mas não todos os agentes em uma cadeia no mundo de juros baixos", avalia Ribeiro. "Não consegue captar um a um".
A nova empresa já estrutura seu primeiro fundo que visa dar vazão aos empréstimos às pequenas empresas. Serão R$ 5 bilhões, cujos recursos estão sendo levantados com famílias afortunadas, os chamados "family offices", fundos e bancos de investimento.
Os recursos podem ser canalizados em estruturas diferentes, com ou sem recursos por parte da "empresa mãe". Ribeiro explica que alguns grupos não querem pesar seus balanços, mas somente emprestar a sua "qualidade de risco" para suportar a cadeia de fornecedores.
A nova companhia nasce com suporte de 25 anos de operações da Kobold. Com mais de R$ 20 bilhões em operações de crédito, a gestora tem índice de perda considerado baixo, em torno de 0,03% do volume.
Esta matéria foi publicada no Broadcast no dia 07/07 às 18:47:38
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