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Bastidores do mundo dos negócios

Mercado dos EUA só está aberto a empresas que buscam mais de US$ 500 mi em recursos

Oferta da Latam mostra que janela do mercado americano está aberta para empresas de outros países

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Investidores americanos têm demonstrado maior demanda por ativos de renda variável neste ano. Foto: Nicole Bengiveno/NYT

Os EUA se tornaram um dos poucos lugares do mundo no qual empresas de diferentes países têm buscado acesso a capital via bolsa. Apenas este ano, a empresa de saúde peruana Auna e a varejista mexicana Tiendas 3B captaram cerca de U$S 1,6 bilhão. A chilena Latam também lançou oferta pública de American Depositary Receipts (ADR), que são recibos de ações de uma empresa estrangeira, com a qual pode captar mais de US$ 530 milhões na Bolsa de Nova York esta semana. Até agora, foram 105 ofertas iniciais de ações (IPOs) na Bolsa de Nova York - sendo boa parte de companhias de fora dos EUA.

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“Não é um fenômeno latino-americano”, diz Marcelo Lo Re, diretor de renda variável do Morgan Stanley no Brasil. “Temos visto empresas asiáticas e europeias considerando listagem nos EUA, num fenômeno muito maior porque aquele país tem se mostrado, de forma recorrente, mais convidativo pela demanda de investidores e aceitação de ativos.” Entre as europeias que foram para os EUA recentemente, estão nomes como a empresa química alemã Linde e britânica de semicondutores Arm.

Segundo ele, esse movimento traz confiança aos emissores de que as ofertas serão finalizadas, o que tem sido um grande dilema em outros países, por conta dos juros altos e investidor mais cauteloso em comprar ações.

Porém, diz Lo Re, o valor mínimo para emissões tem ficado ao redor de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões). “Esse número tem se mostrado, de forma recorrente, o mais propício para o investidor comprar ações e ela ter bom desempenho”, afirma. “A oferta não precisa apenas ser de boa companhia, mas também se tornar um bom ativo num portfólio.”

Historicamente, acrescenta Lo Re, o número costumava ser menor, entre US$ 300 e US$ 400 milhões, mas o patamar mínimo subiu. “Numa operação maior, é preciso mais interessados para a transação acontecer”, afirma. “Isso aumenta a convicção do investidor de que ele está fechando um negócio com alta demanda, o que psicologicamente é importante para ele.”

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Com mais interessados, também aumentam as chances de haver investidores após a oferta inicial. “Não adianta comprar uma ação e não ter o comprador marginal depois”, afirma.

Com eleição presidencial americana, calendário para ofertas será mais curto

Lo Ré diz que várias companhias brasileiras têm tamanho para almejar a meta de captar US$ 500 milhões no exterior. “A gente não só tem visto essa movimentação, como temos trabalhado em várias situações”, afirma Lo Re. “Quando se olha o processo no papel, com as condições de mercado corretas e o trabalho bem executado, dá tempo de ter um IPO ainda esse ano.”

A eleição nos EUA, que deve criar ruídos nos mercados na sua reta final, tem feito com que empresas tentem antecipar as ofertas para setembro ou postergar para dezembro, após o pleito. “Isso traz um desafio adicional para as companhias brasileiras, porque além de criar visibilidade para o IPO acontecer, a competição pelo tempo do investidor vai ser muito maior este ano.”

Para ele, é mais provável haver um IPO de empresa brasileira no exterior, antes de acontecer um na Bolsa brasileira, que passa por uma seca de quase três anos sem ofertas iniciais de ações. “Proporcionalmente, a gente não via tanto interesse e debate em relação a seguir numa listagem no mercado americano versus seguindo uma listagem no mercado local”, diz ele.

Esta nota foi publicada no Broadcast+ no dia 23/07/2024 às 14h22

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