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Bastidores do mundo dos negócios

Mercado internacional de dívida começa 2023 animado, mas sem Brasil

Há captações inclusive de países emergentes, como México, que emitiu US$ 4 bi em dívida soberana, com forte demanda

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Próxima reunião do Fed, o banco central dos EUA, pode dar mais sinais sobre os rumos dos juros em 2023 Foto: REUTERS/Joshua Roberts

O mercado internacional de dívida começou 2023 em pleno vapor, com várias empresas e países captando bilhões, inclusive de mercados emergentes, com forte demanda. Mas ainda não apareceram nomes do Brasil, e há crescentes dúvidas entre os participantes do mercado sobre se a euforia dos primeiros dias do ano vai prosseguir. O México, por exemplo, emitiu US$ 4 bilhões em dívida soberana no primeiro dia útil do ano com demanda batendo em US$ 18 bilhões, um sinal de que há dinheiro e apetite por papéis da América Latina.

Algumas empresas brasileiras estão sondando o mercado internacional, segundo banqueiros de investimento, mas ainda sem decisão firme de captar no exterior, devido ao ambiente interno ainda muito incerto. “O governo Lula começou com solavancos”, comentam os analistas da consultoria inglesa TS Lombard, prevendo que a volatilidade no mercado vai persistir até que o Planalto dê sinais mais claros sobre seus planos de reformas e da política econômica.

Custo para captar no exterior cresceu devido à alta dos juros nos EUA

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O sucesso das emissões no mercado internacional nos últimos dias pode encorajar “dois ou três nomes” do Brasil a acessarem o mercado externo, segundo uma fonte da Faria Lima. Mas o custo para se captar lá fora, comparado a janeiro do último ano, aumentou de forma importante, seguindo a alta de juros nos Estados Unidos. “Quem captava com juro de 4%, agora paga 6% ou 7%.”

Demanda no exterior por papéis brasileiros existe, afirma o diretor de um banco, argumentando que as emissões externas do Brasil em 2022 foram muito baixas - US$ 5 bilhões, uma fração do que costuma se captar a cada ano, US$ 30 bilhões.

Há menos empresas da América Latina buscando captações

De empresas da América Latina, até agora este ano só um nome apareceu, a Liberty Costa Rica, empresa de TV a cabo que planeja levantar US$ 400 milhões em títulos de dívida com critérios sustentáveis. Os comentários são de que, por ora, não há muitos outros nomes da região para acessar o mercado externo, diferentemente de outros começos de ano, quando sempre havia uma fila de 15 a 20 interessadas.

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Nos emergentes, uma das emissões que mais chamaram atenção nestes primeiros dias do ano novo foi da Eslovênia, por estar no Leste Europeu, perto da guerra da Ucrânia. No segundo semestre do ano passado, o país europeu tentou captar no exterior, sem sucesso. Agora voltou e conseguiu levantar 1,5 bilhão de euros. Já a Índia irá fazer no fim do mês uma emissão soberana de bônus verdes de US$ 1 bilhão. Indonésia e Romênia já lançaram suas ofertas, com demanda que chegou a US$ 6 bilhões, no caso dos bônus romenos.

Nos Estados Unidos e Europa, mais de 35 empresas bem avaliadas, com a classificação grau de investimento, já emitiram no mercado de dívida nestes primeiros dias de 2023. Uma das emissões foi da Engie, do setor de energia, que captou 2,75 bilhões de euros com bonds verdes, com demanda superando 9 bilhões de euros.

Banco Mundial e BID também fizeram emissões

Outros dois organismos multilaterais também captaram com sucesso. O Banco Mundial fez uma oferta para levantar US$ 1,75 bilhão e teve ordens de US$ 2 bilhões, de 35 grandes investidores internacionais. Já o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), presidido agora pelo brasileiro Ilan Goldfajn, emitiu US$ 2 bilhões, com o total de pedidos chegando a US$ 4 bilhões.

Com a esperada reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na virada do mês, que pode dar mais sinais sobre os rumos dos juros em 2023, a crise energética em curso na Europa, o destino ainda incerto da guerra da Ucrânia e a nova variante do covid que apareceu nos Estados Unidos, gestores e banqueiros de investimento dizem que é difícil saber até quando vai a atual janela, que historicamente se abre em janeiro no mercado internacional.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 06/01/2023, às 16h23

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