A recente mudança de diretoria da Braskem que acontece sob o comando do novo CEO da companhia, Roberto Ramos, reflete a busca da companhia por um equilíbrio melhor de custos. O desenrolar da redução de 12 para nove vice-presidências e a manutenção de apenas quatro nomes do quadro anterior deve desaguar ainda em mais processos de racionalização de recursos na companhia, o que passa, inclusive, por estudos de redução de capacidade em unidades que não tem gerado caixa para a Braskem.
Fontes afirmaram ao Broadcast que a troca de gestão indica uma maior rapidez nos planos já sinalizados de busca por rentabilidade diante de um ciclo de baixa prolongado na indústria petroquímica. Com novos nomes, esses processos - espera-se - devem ser agilizados. Por isso, mais atenção deve ser colocada em estudos voltados para possíveis “racionalizações” da capacidade produtiva da companhia. O que pode significar, por exemplo, descontinuar operações obsoletas em termos de demanda em determinada planta industrial. Grandes desinvestimentos não seriam cogitados no momento.
No último Investor Day, a diretoria executiva anterior foi questionada a respeito de possíveis reduções de capacidade no Brasil. A diretora de relações com investidores, Rosana Avolio, afirmou que a companhia faz estudos do tipo de forma recorrente. “Temos que saber: ‘a Braskem está dando dinheiro, mas do ponto de vista tático, aquela região está dando dinheiro? Ou aquele ativo está dando dinheiro?’, então fazemos diversos estudos e análises”, afirmou.
Ela disse que não havia nenhum tipo de decisão sendo avaliada, mas que, no futuro, a companhia poderia decidir por ações de racionalização de capacidade - como foi feito nos Estados Unidos, com a hibernação de uma das suas plantas. O princípio por trás disso seria o de “resiliência e rigidez financeira”.
Venda da petroquímica é tentada desde 2019
Essa nova fase deve ajudar a destravar o desinvestimento da Novonor, que controla a Braskem, ao lado de Petrobras, embora sejam questões não necessariamente conectadas, apurou o Broadcast. A venda da fatia da ex-Odebrecht na companhia petroquímica é trabalhada desde 2019, sem sucesso, em grande parte pelo acidente geológico de Alagoas, com impacto sobre as ações da empresa.
Esse novo ciclo deve trazer melhora no desempenho das ações da Braskem e consequentemente facilitar um plano que está sendo desenhado pelos bancos detentores das ações da petroquímica. Essas instituições financeiras têm papéis da Braskem que foram dadas pela Novonor em garantia de empréstimos. Por meio dessa nova estratégia que está na mesa, um fundo de investimento em participações seria criado pelos bancos para abrigar essas ações. Depois haveria a execução da garantia a um valor a ser definido, mas que supere a cotação de tela.
De acordo com fontes, a saída da posição poderia ocorrer via mercado, após um período de lock-up, ou com a chegada de um investidor. A venda dos papéis no mercado parece ser o plano primário e uma valorização das ações ajudaria nesse sentido. Os bancos têm uma dívida de mais de R$ 15 bilhões com a Novonor, garantida pelas ações da Braskem e a conta não tem fechado, dado o preço baixo das ações. Procurados, os bancos não comentaram.
Nesta estrutura, a Novonor seguiria com uma posição minoritária na Braskem, de 4% a 6%, acrescentam as fontes. A empresa tem dito que essa fatia é necessária para manter suas obrigações com o plano de recuperação judicial, o qual também pretende encerrar o quanto antes possível. O processo de venda da Braskem, de qualquer forma, segue correndo, mas a proposta do fundo expressa o desejo dos bancos de resolver com maior celeridade essa questão que se arrasta há muitos anos.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 09/12/2024, às 17:45.
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