
A Azul prepara uma oferta subsequente de ações (follow-on) que pode movimentar cerca de R$ 1 bilhão, o último passo dentro do processo de reestruturação da dívida em que credores viram acionistas da companhia aérea, de acordo com fontes. A operação está prevista para meados de abril. A empresa já está fazendo rodadas de conversas (roadshows) com investidores internacionais e locais, para mostrar os passos que vem dando para resolver seu endividamento.
A oferta de ações está dentro do aumento de capital previsto no plano de reestruturação, anunciado em janeiro. Credores da Azul viraram acionistas da empresa. Pela legislação brasileira, os acionistas atuais têm direito de preferência de participar de um aumento de capital para evitar diluição das participações. E a parte que falta é a conversão de detentores de títulos de dívida (bonds) em ações. Para essa fase, documentos da reestruturação previam uma oferta de ações na casa dos US$ 200 milhões (ou R$ 1,13 bilhão, pelo câmbio desta quinta-feira, 20).
A Azul tem dito nessas conversas, de acordo com fontes, que o ambiente ficou mais favorável para a empresa aérea neste começo de 2025. O preço dos combustíveis, maior custo para o setor, caiu 15% desde o começo do ano e o dólar, que influencia diretamente no endividamento da companhia, recuou 10% nas últimas semanas ante o real. Ao mesmo tempo, isso não tem se refletido no preço das ações da companhia, que sobe 6%, menos que a valorização do real. Em 12 meses, cai 70%.
Vácuo da Voepass
A Voepass, concorrente direta da Azul em alguns voos regionais, é outro ponto que a companhia tem mencionado nas conversas com investidores, segundo interlocutores. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu suspender a companhia aérea por questões de segurança no mês passado. A avaliação passada aos investidores, segundo participantes, é que o governo pode ficar mais sensível para repassar recursos ao setor com menos uma companhia aérea em jogo, pois a probabilidade é que o ambiente para a Voepass voltar a voar é muito desafiador, por causa da confiança abalada na empresa.
Além disso, a empresa tem slots (locais para pousos e decolagens) em Congonhas, o aeroporto mais disputado do Brasil e que podem vir a ser vendidos a outras aéreas.
Nos encontros, a empresa aérea tem passado a ideia de renascimento, de uma nova companhia surgindo após a reestruturação. A Azul abriu o capital em 2017 avaliada ao redor de US$ 2 bilhões. Chegou a ser avaliada em US$ 5 bilhões. Atualmente, vale US$ 230 milhões.
Um dos questionamentos que investidores têm feito, além da fusão com a Gol (que seria o passo seguinte para as duas empresas, após saírem das reestruturações), é sobre o cenário político do Brasil, com a corrida presidencial de 2026 sendo antecipada pelos mercados.
Procurada, a Azul não se pronunciou.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 20/03/2025, às 13:25.
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