A Nestlé Brasil iniciou este mês a utilização de biometano em sua fábrica de Araçatuba (SP), em substituição a combustíveis de origem fóssil, como o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o gás natural. A unidade é a primeira a passar pela transição.
A meta é finalizar a troca dos combustíveis em 100% da operação industrial até 2028 e com isso tornar a operação industrial da companhia no Brasil neutra da emissão de gases de efeito estufa (net zero). Para a isso, a companhia vai investir R$ 10 milhões por fábrica para adequação da infraestrutura necessária.
De acordo com o diretor de engenharia da Nestlé Brasil, Donir Costa, os estudos para a implementação do gás renovável começaram há quatro anos, como parte dos investimentos em novas tecnologias e ações mais sustentáveis, que devem somar R$ 8,5 bilhões até 2026.
Produto não vai custar mais
“Temos que seguir negociando com os nossos fornecedores para que seja viável, de modo que não chegue para os nossos clientes. Nós não estamos pensando que o nosso produto vai custar mais por causa disso, estamos buscando que o nosso consumidor não perceba nada”, afirmou o diretor ao Broadcast.
O biometano recebeu um impulso a partir da Lei do Combustível do Futuro, e a expectativa do mercado é que o segmento cresça, com um aumento da oferta do energético e também com crescimento da demanda industrial.
Em Araçatuba, o fornecimento do combustível é garantido pela Ultragaz, por meio do gás produzido a partir de cana-de-açúcar e de aterros sanitários. O energético passou a ser utilizado para gerar ar quente, essencial para o processo de produção de leite em pó na unidade.
Ultragaz é a fornecedora
A Ultragaz fornecerá biometano também para as fábricas da Nestlé em Ibiá e Ituiutaba, em Minas Gerais, a partir do ano que vem. Lá o combustível será utilizado em substituição ao GLP nas câmaras, fornos e caldeiras.
“A gente entrega com carretas abastecidas com biometano, que têm impacto zero também. Então você olha o ciclo como um todo: do berço até o túmulo do carbono, com emissão negativa”, diz o diretor de gases renováveis da Ultragaz, Erik Trench.
Antes das fábricas mineiras, a próxima a operar com biometano será a unidade de Caçapava (SP), que é a segunda maior em volume de produção de chocolates da Nestlé no mundo. A planta receberá combustível renovável de aterros sanitários, resultado de parceria firmada com a empresa Gás Verde. A substituição será 100% concluída em 2025.
Redução de emissões
“O biometano é um combustível 100% renovável que reduz em 99% as emissões de gases de efeito estufa e, por isso, é uma alternativa importante na jornada de descarbonização de grandes empresas, como a Nestlé”, diz o CEO da Gás Verde, Marcel Jorand.
Segundo a Nestlé, a substituição de gás natural e GLP por biometano representa uma potencial redução de gases de efeito estufa na ordem de 90% de CO2 equivalente, assim que finalizada a conversão em todas as 16 unidades que a companhia mantém no Brasil.
Atualmente, as operações da Nestlé Brasil já são abastecidas por energia elétrica sustentável. Recentemente, a empresa fechou uma parceria com a Enel para criação de consórcios de autoprodução para abastecer cinco fábricas da companhia, localizadas em São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 11/11/2024, às 17:46.
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