Depois de quase dobrar de tamanho no Brasil ao longo dos últimos três anos, o Citi quer ganhar espaço também entre os clientes endinheirados. Otimista com as perspectivas de desempenho do mercado brasileiro no médio prazo, o banco americano quer aproveitar a presença entre as grandes empresas brasileiras para também gerir os recursos de seus executivos e sócios, em uma “dobradinha” entre a atividade bancária e a de Wealth. O banco atende a clientes do chamado “ultra high”, que têm ao menos US$ 25 milhões (R$ 155 milhões) em patrimônio, e que conseguem alocar US$ 10 milhões (R$ 61,8 milhões) ou mais com o banco.
Passaporte. Para avançar no segmento, o Citi tem dois focos: ampliar o relacionamento com clientes que estão no banco e fisgar os que confiam a gestão do patrimônio a concorrentes. Neste segundo grupo, o conglomerado vê as maiores oportunidades entre os clientes dos segmentos de Wealth dos bancos locais que ainda não têm alocações no exterior. Em ambos casos, confia na sinergia entre as equipes do Wealth e as que atendem às grandes corporações, que passaram a ser o foco no Brasil após a venda da operação de varejo para o Itaú, em 2017.
Estrutura. O Citi tem quatro escritórios que cobrem o Brasil: o de São Paulo e os de Nova York e Miami, nos Estados Unidos, além de Genebra, na Suíça. São ao todo 20 profissionais olhando para o País. Neste ano, a equipe foi reforçada com Roberto Simonsen, vindo do JPMorgan, e Guilherme Bianchi, ex-Credit Suisse e que fica no escritório de Miami. O reforço segue o foco global que o Citi deu ao Wealth: a área passou a responder diretamente à CEO, Jane Fraser, em meio à reestruturação do gigante americano.
Tamanho. O Citi não revela o volume que tem sob gestão entre clientes afluentes no Brasil, que no geral é uma das maiores operações do banco no mundo. Esse é um segmento de números superlativos: fundos destinados a investidores do private reuniam R$ 1 trilhão em recursos em novembro, de acordo com a Anbima, com grandes bancos e gestoras na liderança, como o Itaú, o BTG Pactual e o antigo Credit Suisse. O dado conta apenas parte da história: esse tipo de cliente também confia aos bancos outras partes do próprio patrimônio.
Concorrência. O chefe do Wealth do Citi Brasil, Fernando Fleury, afirma que o olhar global é a principal diferença entre o banco e os titãs brasileiros que têm investido em presença internacional para atender aos clientes endinheirados. No Citi, de acordo com ele, esse investidor pode ser atendido em qualquer um dos escritórios globais, presentes em 20 países.
Otimista. O banco acredita que a diversificação internacional é uma alavanca importante, mas também está relativamente otimista com o Brasil. Em relatório divulgado neste mês aos clientes, ao qual a <b>Coluna</b> teve acesso, o Citi considera que as ações brasileiras estão baratas o suficiente para compensar os riscos da economia do País, e recomenda um aumento de exposição ao mercado brasileiro. Após um desempenho 38% pior que o do resto do mundo nos últimos dois anos, o banco acredita que 2025 será um ano melhor graças ao crescimento do lucro das empresas brasileiras.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 31/12/2024, às 11:00
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