O Grupo Pão de Açúcar (GPA) pode ser transformado em uma “corporation”, empresa sem controle definido, como parte da estratégia de saída do controlador Casino da América Latina. O bilionário tcheco Daniel Kretinsky, que adquiriu o controle do Casino, tem sinalizado que a região não é seu foco.
A colombiana Éxito, que estava embaixo do GPA, já foi, em operação anunciada na madrugada desta segunda-feira, 16. Com parte dos R$ 790 milhões vindos da venda do Éxito para o Grupo Calleja e dos R$ 310 milhões que colocou no caixa este ano com operações imobiliárias de suas lojas, o GPA começa a arrumar a casa e se preparar para um segundo momento.
A transformação em uma corporação seria feita de forma gradual, um caminho semelhante ao traçado pelo Assai na B3, rede que o Casino também era sócio e foi se desfazendo de suas participações aos poucos. A última venda foi em março, que rendeu R$ 4 bilhões aos franceses. Antes havia feito mais duas, em 2022.
Venda de ações não é prevista para agora, talvez em 2024
Com o mercado de ações ruim neste momento, vendas de ações não seriam para agora, mas para 2024, segundo as fontes. Uma oferta primária de ações, sem a participação dos atuais acionistas, ajudaria a capitalizar o grupo e diluiria as fatias dos sócios.
Um banqueiro argumenta que o GPA tem um nome muito forte, uma administração muito boa e, tirando a dívida, os números operacionais estão bons, além de estar com a ação em preço barato. São fatores que ajudariam a atrair compradores em caso de uma oferta, argumenta. Só este ano a ação acumula queda de quase 45%.
Já a aquisição por outra empresa é um processo mais complicado, pois precisaria de uma oferta para fechar o capital da companhia, o que demanda tempo e acarretaria em um grande desembolso para potenciais compradores. Se o caminho for esse, grandes gestoras de fundos como Pátria e Advent, ou grupos regionais de peso como Cencosud, são considerados potenciais interessados.
GPA tem participação em companhia europeia que pode ser vendida
O GPA ainda tem outro ativo a ser vendido, a CNova, uma empresa de comércio eletrônico na Europa, da qual o grupo brasileiro tem 34%. A venda pode atrair nomes com a Fnac ou mesmo a americana Amazon. Outra possibilidade é a empresa ficar integralmente com o Casino, de acordo com fontes.
Enquanto passos mais estratégicos ficam para 2024, o GPA deve seguir com a estratégia de abrir lojas menores próximas das pessoas, os chamados “supermercados de proximidade” que, segundo uma fonte, têm dado resultados bons, ajudando a melhorar os números operacionais da rede.
Antes de vender a Éxito para um grupo de El Salvador, o GPA rejeitou duas propostas do empresário colombiano Jaime Gilinski. Segundo uma fonte, as propostas não eram sérias, por isso o motivo da recusa. “Eram propostas de papel de pão, não eram sérias”, disse a fonte, em condição de anonimato.
Procurado, o GPA não se pronunciou.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 16/10/23, às 18h33.
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