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Bastidores do mundo dos negócios

Participação de estrangeiro em fusões e aquisições cai pela metade em 2024

Fatia do capital externo nestas operações no Brasil recuou de 31% para 16%

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Kroll mostra aumento de 1,9% em transações de M&A anunciadas no primeiro semestre no Brasil Foto: John Hanson Pye/Adobe Stock

Ruídos políticos em Brasília, incertezas com regulação, juros altos no mundo e dúvidas sobre o futuro da situação fiscal do Brasil afetaram as compras e vendas de empresas no primeiro semestre. Em meio ao aumento da incerteza, a participação de investidores estrangeiros nos negócios caiu pela metade, de 31% no primeiro semestre de 2023 para 16% na primeira metade de 2024, mostram dados da consultoria Kroll.

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Os negócios nas fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no primeiro semestre foram dominados por empresas se associando ou comprando outras empresas, os chamados negócios entre investidores estratégicos, que responderam por 65% das operações. Já os investidores financeiros, principalmente os fundos de private equity, que são especializados em comprar empresas, seguem retraídos, respondendo por 36% dos negócios no primeiro semestre, abaixo do patamar de 45% nos bons tempos de juros perto de zero.

Entre as grandes operações em 2024 são várias as fusões e aquisições em que os investidores estratégicos dominaram. Soma se juntando com Arezzo; fusão da Petz e Cobasi; Amil e Dasa fundindo redes de hospitais; as petroleiras 3R e Enauta combinando negócios; Auren comprando a AES Brasil; Âmbar, do Grupo J&F, comprando os ativos termelétricos da Eletrobras.

Por volta de US$ 15 bilhões em transações foram anunciadas este ano, contra US$ 40 bilhões no ano passado, nos cálculos de um banco da Faria Lima.

Hesitação de fundos

O ambiente de juros altos no Brasil e no mundo, o que dificulta o financiamento de negócios, além da cautela com o cenário doméstico, em meio a ruídos políticos em Brasília e preocupação com as contas fiscais brasileiras, ajudam a explicar a hesitação dos fundos para fazer novos negócios, e também a dos estrangeiros, avalia o chefe para Brasil e América Latina da Kroll, Alexandre Pierantoni.

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“Investidores estratégicos que estão bem posicionados ou estão em condição financeira melhor estão se movimentando”, afirma o chefe da área de M&A do Goldman Sachs do Brasil, Pedro Muzzi. Já muitos fundos de private equity estão em processo de levantar novos recursos, o que explica parte da pisada no freio.

As principais transações que ocorreram este ano, avalia Muzzi, envolveram combinações de negócios, ou seja, fusões com troca de ações. Como levantar recursos está caro, por causa dos juros elevados na economia mundial, as companhias estão olhando formas de continuar crescendo, ressalta. E a combinação de negócios é onde surgem grandes oportunidades nesse momento de endividamento alto em muitas empresas. “Tanto estratégicos locais quanto internacionais estão olhando o Brasil como oportunidade.”

Mudanças na economia mundial

Em um ambiente de mudanças na economia mundial, como realocação de cadeias de produção pelo mundo, Pierantoni, da Kroll, observa que grandes grupos não podem ficar parados. Por isso, partem para consolidar negócios e comprarem ou se fundirem com outras empresas.

Os dados da Kroll mostram aumento de 1,9% em transações de M&A anunciadas no primeiro semestre no Brasil, que somaram 674 operações. Já no mundo, as transações anunciadas caíram 20% no mesmo período.

Para o segundo semestre, fontes da Faria Lima dizem que existem muitas conversas de negócios engatilhadas, seja para venda de ativos ou para combinação de negócios. Mas parte dessas operações pode ficar para o começo de 2025.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 03/07/24, às 16h57.

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