Longe do barulho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, a negociação com os credores da Americanas ainda não está concluída, embora vários dos envolvidos tivessem previsto o fechamento do acordo em junho. Agora, as informações são de que faltam ainda ajustes finos e que o acordo deve estar pronto para ser assinado em setembro. A ideia é que não passe dessa data, pois a partir dela a companhia poderia ficar sem caixa e ter problemas para operar.
O montante que será colocado pelos acionistas de referência na companhia, em grandes números, não é mais tema. As exigências legais para a aprovação do plano e as minúcias defendidas pelos jurídicos de todos os bancos envolvidos são o que impedem um fim mais próximo.
Depois que se fechar o acordo verbalmente entre as partes, o que está bem próximo, faltam os acertos jurídicos da elaboração dos contratos, o que será um pouco mais demorado. “Hoje, é uma questão mais da forma dos contratos do que do conteúdo”, diz o executivo de um banco. “A expectativa é de de que tudo se resolva em prazo curto, mas não em menos de dois meses. "
Fraude contábil da empresa traz complexidade ao acordo com credores
Boa parte dos próximos meses será gasto na confecção dos documentos e assinaturas. Americanas não se trata de um processo de recuperação judicial comum. Envolve fraude, o que aumenta o preciosismo dos advogados em garantir que não ficarão brechas para ações futuras. A publicação do edital com a relação de credores hoje mostra que os prazos estão correndo dentro do esperado.
Se não fechar em setembro, a Americanas terá de acessar mais R$ 500 milhões do empréstimo DIP (“debtor in possession”, na sigla em inglês - específico para financiar empresas em recuperação judicial) concedido pelo trio de investidores de referência da companhia (Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles). O DIP acordado é de R$ 2 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão já foi desembolsado.
O montante acordado para ser injetado na companhia deve ficar em torno dos R$ 12 bilhões, conforme as negociações da empresa, acionistas e bancos credores. O trio de acionistas deve fazer um aporte imediato de R$ 8 bilhões e os bancos defendem R$ 10 bilhões. Os três gostariam de desembolsar essa diferença de R$ 2 bilhões caso haja necessidade em três e quatro anos. Eles já toparam ficar sem vender ações da companhia por cerca de três anos, o chamado lock-up, uma exigência do comando dos bancos.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 19/06/23, às 18h56.
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