Em sua agenda de privatização, o governo do Estado de São Paulo quer vender sua fatia controladora na Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) antes de partir para a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), prevista para julho do ano que vem. Há expectativa de que a transação da Emae ocorra em maio de 2024, mas a melhora do ambiente macroeconômico, com a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária na Câmara, pode abrir espaço para a venda ocorrer em 2023. Os trabalhos para a privatização estão no início, mas o desejo é andar rápido.
O modelo ainda não foi decidido, se por meio de oferta em bolsa ou em uma transação de M&A (fusão e aquisição, na sigla em inglês). Entretanto, nesse momento, as indicações são de que a participação de 97% do controle (39% do total das ações) seja repassada por meio de um M&A. A Eletrobras tem 39% das ações totais, a maioria sem direito a voto.
Alguns dos potenciais interessados são grandes empresas de saneamento, que participaram do processo de privatização da companhia de água e esgoto do Estado do Rio de Janeiro, Cedae, e em outros leilões recentes, como o da Corsan, no Rio Grande do Sul.
Valor da participação do Estado de SP a ser vendida ainda será definida
A avaliação do valor da fatia do governo do Estado na companhia é uma das etapas desse trabalho. A Genial, que fez a modelagem de venda da Eletrobras, foi escolhida em licitação para os trabalhos. Embora esteja valendo perto de R$ 2,5 bilhões na bolsa, o número pode não refletir corretamente o valor da empresa, por causa da baixa liquidez do papel na B3. Com isso, mesmo volumes pequenos de negócios acabam afetando muito o preço, e é o que tem acontecido desde que o governo de São Paulo sinalizou que privatizaria a companhia. Há seis meses, o valor de mercado da Emae estava em cerca de R$ 1,5 bilhão.
A Emae é uma companhia que atende a cidade de São Paulo. Mesmo assim, a venda da empresa para o setor privado, ao contrário da Sabesp, não depende de negociações com o governo do município. No caso de Sabesp, o governo do Estado também tem o controle da estatal, mas o fato de sua privatização depender da anuência dos municípios e 45% de seu faturamento estar vinculado à capital, complica o processo.
Existe um viés político no processo de venda da Sabesp relacionado às eleições municipais de 2024 e, eventualmente, à troca de orientação política do próximo governo. A Sabesp é um dos principais ativos do Estado de São Paulo, uma espécie de cartão postal da atual gestão. Uma privatização mal conduzida pode impactar na imagem política do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Procurada, a Genial não comentou.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 10/07/23, às 12h03.
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