Um quarto das empresas de capital aberto estava sem capacidade de pagamento de suas dívidas financeiras no fim do ano passado e pelo menos 45% delas tinham situação de alavancagem delicada, com endividamento três vezes superior à sua geração de caixa, segundo levantamento da RK Partners. Mais de 20% tinham seis vezes mais dívidas em relação ao que conseguiam gerar de caixa. “É um número muito alto”, diz Ricardo Knoepfelmacher, o Ricardo K, conhecido por ter coordenado algumas das maiores reestruturações corporativas do País. “Com a tendência global de manutenção dos juros altos, muitas vão ter de renegociar dívidas nos próximos dois anos.”
O ideal, diz ele, seria que esse porcentual estivesse na casa dos 15%. O mais grave porém, é que as empresas listadas na bolsa estão em melhor situação do que as com capital fechado. Isso porque as companhias fechadas têm acesso mais difícil a recursos, que também conseguem pagando mais caro.
“Não há dados objetivos, mas a experiência empírica mostra que a tendência é de que as empresas fechadas estejam enfrentando mais dificuldades”, diz Ricardo K. De acordo com ele, o número de consultas à RK Partners, que atende apenas empresas com dívidas acima de R$ 100 milhões, dobrou nos últimos meses.
O número de empresas com pelo menos um compromisso vencido aumentou em 6% entre janeiro de 2016 e janeiro de 2024. Segundo Ricardo K, as áreas mais afetadas estão sendo agronegócio e infraestrutura.
O levantamento da RK Partners mostrou ainda que as taxas de juros praticadas pelos bancos continuam bastante altas - sendo que piorou para as companhias em alguns casos. Segundo dados do Banco Central, as taxas de juros praticadas em emissões de capital de giro para empresas com vencimento superior a um ano aumentaram em 2,6 pontos porcentuais no Santander em janeiro, em relação ao mesmo mês do ano passado (estava em 35,5% recentemente) e em 0,8 ponto porcentual no Banco do Brasil (em 33%).
Nos demais bancos, essa taxa caiu. No Bradesco, essa linha está 7,8 pontos porcentuais mais barata (estava 23,5% em janeiro de 2024). No Itaú, está 5,7 pontos porcentuais menor (21,6%) e na Caixa, em 5,2 pontos (22,8%).
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 06/05/24, às 16h09.
O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.