As dúvidas sobre como será a gestão “Trump 2″ se somam e reduzem a visibilidade sobre o cenário para investimentos nos Estados Unidos. Especialistas são unânimes em dizer que ainda há mais dúvidas do que certezas sobre as primeiras e principais medidas que o presidente eleito Donald Trump vai realizar. Eles afirmam, porém, que ainda há muitas oportunidades para este ano.
Na renda fixa americana, são praticamente unânimes. Na renda variável, há divergências sobre quais setores serão os campeões em 2025. Sobre os Estados Unidos, eles destacam que o crescimento econômico com inflação controlada é a expectativa da grande maioria do mercado.
“Ainda há muitas perguntas sem respostas. O que temos elaborado é uma carteira balanceada, exposta em diversas estratégias e temas. Não temos uma bala de prata para dizer ‘agora é a hora só disso’. Dificilmente iremos fazer isso. Temos basicamente três caixinhas aqui: a renda fixa, equities e alternativos”, explicou Mario Nevares, sócio e gestor de portfólios offshore da G5 Partners.
Para Vinicius Ferreira, sócio e membro do time de gestão do Opportunity Global Equity, Trump assumirá um governo que ainda está sob efeito das políticas do governo atual, mas sua agenda pró-mercado deve ajudar na confiança dos empresários e fortalecer a economia. “O que temos visto nos últimos meses é um cenário de desaceleração suave do crescimento econômico dos Estados Unidos. A atividade segue bem, mas em níveis mais fracos. A economia sofre as medidas do aperto monetário do Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA], que é justamente desejável”, afirmou.
Renda fixa americana deve seguir com oportunidades em 2025
A renda fixa americana foi o principal ponto de entrada dos investidores ao longo dos últimos anos. Isso ocorreu diante da elevação dos juros pelo Fed para conter a inflação, o que fez com que as taxa dos títulos do governo americano (os Treasuries) chegassem a níveis jamais vistos nos últimos 20 anos.
Nevares destaca que, olhando para um ambiente de negócios mais favorável e de redução da inflação não tão acelerada, “é um momento bom para continuar investindo em renda fixa americana”. “Aproveitando essas taxas atuais, com ambiente das taxas ainda atraentes. Vamos ver isso durante um tempo ainda”, acredita.
O relatório “Onde Investir em 2025″, elaborado pelos especialistas da XP Investimentos, destaca que o Fed enfrentará o desafio de reduzir juros sem agravar riscos inflacionários, enquanto o mercado acompanhará o comportamento dos títulos de dez anos num contexto de política fiscal expansionista do “Trump 2″.
Analistas ainda veem chances de ganho nas bolsas internacionais
Os investidores viram ao longo de 2024 os índices acionários de Nova York batendo diversos recordes seguidos de alta. Isso pode ter desanimado boa parte dos investidores que pretendiam entrar no mercado americano em 2025. Mas ainda há chances de bons ganhos nas maiores bolsas do mundo.
Tanto Nevares quanto Ferreira destacam as ações de empresas do setor de tecnologia como oportunidade de investimento nos Estados Unidos, mas é preciso garimpar e não investir em papéis sobrevalorizados. “Não acho que o mercado de tecnologia está em uma bolha. É só o começo. Podemos ver uma empresa ou outra mais cara, mas é preciso saber escolher e saber se posicionar”, disse Nevares.
Ferreira destaca outros três setores para investimento em 2025, o primeiro seria de serviços financeiros, onde haverá oportunidades de fusões e aquisições entre empresas, o que pode valorizar papéis pontuais. Empresas de big tech também estão no radar do especialista, com destaque para Google, Meta. “Por último, destaco empresas que fornecem equipamento de defesa para as forças armadas dos Estados Unidos e para o mundo. O Trump defende que os países invistam na área de defesa, criando oportunidades”, afirmou Ferreira.
Já Paulo Gitz, estrategista global da área de análise da XP, discorda de Nevare e de Ferreira. Ele não vê chances de altas consistentes no setor de tecnologia e acredita que o melhor momento já passou. Gitz enxerga oportunidades em outros setores, como o de energia elétrica, por exemplo.
“Apesar de um desempenho positivo no primeiro semestre de 2024, mantemos uma visão negativa para as ações dos EUA devido aos altos múltiplos e às expectativas elevadas de crescimento dos lucros em um ambiente de desaceleração econômica. A aproximação do ciclo de afrouxamento monetário é vista com cautela, considerando os persistentes riscos inflacionários”, explica Gitz.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 1º/1/2025, às 16:00:00.
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