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Bastidores do mundo dos negócios

Rombo na Americanas chega à Polícia Federal

PF e Ministério Público Federal entraram no caso em ação conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários

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Americanas pediu recuperação judicial após informar um rombo de R$ 20 bilhões Foto: Pedro Kirilos / Estadão Conteúdo 

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal entraram no caso Americanas, em ação conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), apurou a Coluna. A investigação policial reforça os indícios de fraude no rombo bilionário que motivou o pedido de recuperação judicial da rede varejista e deu início à batalha jurídica travada com bancos e outros credores.

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A atuação da PF em casos investigados pela CVM ocorre desde 2010, quando foi firmado um acordo de cooperação para ampliar as punições aos chamados crimes de colarinho branco. O acordo permite, por exemplo, a utilização de medidas como busca, apreensão e sequestro de bens para conduzir a apuração sobre suspeitas de crimes.

Ao participar de um evento público no Rio, na sexta-feira (3), o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, evitou falar sobre o escândalo Americanas. Falou genericamente que “há casos bem grandes exigindo respostas atualmente” e aproveitou para, mais uma vez, apelar para o aumento no número de funcionários da autarquia, já autorizada a repor 127 vagas em aberto, mas sem o respectivo concurso público aprovado.

“Inconsistência contábil” gerou acusações contra trio de acionistas

O rombo de R$ 20 bilhões na Americanas, que tem sido o mote de acusações pesadas de grandes bancos contra o trio de acionistas de referência da empresa, Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, é, como se sabe, o resultado de ação que se sustentou por anos. Há, de fato, a necessidade de uma resposta rápida, mesmo se tratando de uma questão complexa.

O descrédito é o pior sinal em um mercado que se movimenta tanto em função de análises de fundamentos quanto por pura especulação. A não punição de atos criminosos, feitos de maneira consciente ou até por despreparo (difícil, mas pode acontecer), não apenas prejudica os agentes, principalmente os menos cacifados, como estimula ações semelhantes em outras empresas. Isso sem contar no “arrasa quarteirão” social que envolve funcionários.

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Na quinta-feira à noite, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV, o presidente Lula criticou Lemann “vendido como o suprassumo do empresário bem-sucedido do planeta Terra” e o mercado que “fica nervoso, irritado” com qualquer medida governamental dirigida à área social, mas “silencia” quando “um deles joga fora R$ 40 bilhões [a dívida da empresa envolvida na recuperação judicial é de mais de R$ 40 bilhões]”.

Não é bem assim. O caso Americanas estressou tremendamente o mercado, como todos assistiram. Mas, realmente, as cobranças pela identificação e punição dos culpados não alcançam a mesma proporção da campanha para que os acionistas injetem recursos que permitam à empresa de reerguer.

Há culpados, mas ainda não está claro se haverá punidos

O BTG cita o patrimônio estimado em R$ 180 bilhões do trio Lemann-Telles-Sicupira, conhecidos como os maiores bilionários do País, para sugerir que a solução do problema é fácil. Poderia ser mesmo. Mas isso daria fim ao escândalo? Sem punição? Sem o exemplo do que pode e o que não pode ser feito?

Na “briga de cachorro grande” que estamos assistindo desde 11 de janeiro, quando Sergio Rial deixou o comando da Americanas após nove dias no cargo, espalhando a “inconsistência contábil” no ventilador, o trio de acionistas tentou deixar apenas os ex-executivos no fogo, os bancos acusaram os grandes acionistas de manipulação, a Americanas acusou o BTG de “conivência e culpa”, o Bradesco (por meio de advogados), acusou o comando da Americanas de fraude.

Há culpados. Talvez muitos. Com certeza com cacife alto no mercado. Ainda não está claro se haverá punidos.

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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 03/02/2023, às 17h23

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