A Ocyan, antiga Odebrechet Óleo e Gás, espera que os primeiros empreendimentos de eólicas offshore (em alto-mar) comecem a sair do papel antes do previsto com a entrada da Petrobras no setor. A expectativa é que a nova tecnologia comece a dar sinais mais concretos na costa brasileira em 2027 e vire uma nova frente de negócios para a companhia depois que o grupo precisou separar a área de perfuração. Com dívida de R$ 2,6 bilhões devido a aquisições de sondas e plataformas, o negócio de perfuração, ou “drilling”, no jargão do mercado, foi separado da Ocyan e será capitalizado pelos credores. A Ocyan permanecerá com 6,5% da companhia, que terá a dívida reduzida para R$ 300 milhões.
Empresa vai atuar na desativação de campos
Com a perfuração numa empresa à parte, a Ocyan precisou se reinventar. Vai se lançar em novos negócios, com destaque para o descomissionamento de campos cuja produção começa a ser encerrada e o apoio à geração de energia eólica offshore. Serviços como manutenção e lançamento dos cabos flexíveis que conectam os poços às plataformas serão mantidos.
Potencial marítimo é de quatro vezes a capacidade atual
A experiência com a desativação das fundações dos campos produtores será uma prévia do que será necessário para a instalação das grandes torres eólicas no mar. Segundo Roberto Prisco Paraiso Ramos, presidente da Ocyan, o Brasil tem potencial para instalação de 330 gigawatts (GW) de energia eólica na sua costa, mais de quatro vezes a capacidade instalada hoje no País.
“O início da produção de energia nas eólicas é previsto para 2030. Mas acho que isso vai ser antecipado para 2027, o que significa contratos lançados em 2024/2025. O marco regulatório já existe. E hoje a dificuldade são os vários interessados disputando por uma mesma licença. Esse processo de peneiramento é que está em curso”, diz Ramos.
Companhia avalia captação de carbono e produção de hidrogênio
Segundo o executivo, a empresa tem como meta chegar em 2040 com 25% da atividade não ligada à produção de combustíveis fósseis. Outras alternativas a serem estudadas para alcançar esse patamar são a captação de carbono e a produção de hidrogênio.
Iniciado em janeiro deste ano, o trabalho inédito de descomissionamento de campos de petróleo da Ocyan para a Petrobras é uma atividade nova e deverá levar pelo menos três anos, diz Ramos. A desativação das estruturas submarinas engloba 275 quilômetros de áreas que precisam voltar ao estágio original. Estão no contrato áreas da Bacia de Campos nas costas do Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas-Sergipe, em geral campos que tiveram produção iniciada nos anos 1980.
A Petrobras, diz o executivo, tem a obrigação legal de desativar os equipamentos do campo e limpar um raio de 500 metros em torno de cada poço. “Teoricamente, é para deixar como era antes de você perfurar”, explica. “Isso abre para nós um potencial muito importante e interessante, porque nos capacita e nos dá credencial para fazer um novo mercado que vai surgir, que são as famosas eólicas”, afirma.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 10/04/2023, às 15h59
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