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Bastidores do mundo dos negócios

Sucesso da Petrobras com biometano passa por dar um gás no preço

Estatal vai fazer chamada pública para compra do insumo, obrigatória a partir de 2026

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Empresários do setor temem que a estatal não 'remunere' o efeito de descarbonização do biometano Foto: Grupo MDC/Divulgação

Rio - Produtores de biometano estão animados com a chamada pública da Petrobras para compra do insumo na esteira das obrigações impostas pela Lei do Combustível do Futuro. Mas temem que a estatal se balize nos preços do gás natural, sem buscar “remunerar” o efeito de descarbonização do biometano. Atualmente, disseram fontes do setor, o metro cúbico do insumo verde custa, em média, 25% a mais que o do gás natural.

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Se os termos de precificação do biometano pela Petrobras ficarem muito abaixo dos praticados hoje pelo restante do mercado, é possível que as empresas se frustrem e deixem o processo para buscar outras demandantes, diz um executivo do setor. “Será preciso haver reconhecimento do atributo ambiental”, diz a fonte. “Não é gás natural, não é petróleo. É uma solução ambiental, com outro custo de oportunidade”, acrescenta.

A princípio, seja como for, as principais empresas do setor, entre as quais estão MDC, Orizon, Gás Verde, Geo Biogás e Solvi, devem participar do processo. O próprio diretor de transição energética e sustentabilidade da estatal, Maurício Tolmasquim, disse que, além da compra efetiva do biometano, uma obrigação de 2026 em diante, a petroleira vai buscar mapear o mercado para entender sua dinâmica de preços, uma vez que não se trata de commodity cotada internacionalmente.

Compra ou produção própria

Ainda segundo Tolmasquim, a empresa considera tanto comprar como se converter em produtora de biometano por meio de joint ventures à frente. Tudo por conta de sua demanda relativa a 1% da produção de gás natural, o equivalente a 700 mil m³/dia.

Uma fonte da Petrobras foi taxativa ao dizer que faz parte do processo de diligência da companhia buscar o preço mais competitivo para aquisição. E acrescentou que já há conversas para negócios em comum com empresas nativas do setor, uma vez que foi identificado um potencial de margem grande para o produto. “Identificamos que podemos ser parte da cadeia para capturar margens, em vez de ser apenas uma demandante”, diz a fonte da estatal.

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Segundo essa pessoa, a estatal considera que, até 2030, a demanda nacional por biometano pode chegar a 4 milhões de m³ por dia e, no longo prazo, teria potencial para 30 milhões de m³/dia, uma projeção de crescimento “atraente”, mas que dificilmente virá a competir com o negócio de gás da estatal.

Há vantagens, mas também risco

Para empresários do biometano ouvidos pela Coluna, não haveria só vantagens de se associar à Petrobras: ao mesmo tempo em que as possibilidades de investimentos se expandem para um setor intensivo em capital, que serve à preparação de usinas como as instaladas em fazendas ou aterros sanitários, há o risco de se associar a uma estatal com uma série de travas de governança à expansão rápida do negócio.

O lançamento da chamada aconteceu em 6 de janeiro e as empresas devem enviar propostas pelo portal Petronect de 15 a 31 de março. A Petrobras vai analisar as propostas em abril de 2025 para dar um retorno em maio. Só então, será aberta a fase de negociação bilateral.

O mandato do biometano no gás natural passa a valer em janeiro de 2026, com um patamar inicial mínimo de 1% e nível máximo de 10%.


Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 15/01/2025, às 10:48.

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