O evento Americanas tem empurrado à mesa de negociações empresas que tinham esperanças de obter algum fôlego financeiro com o mercado de capitais ou com os bancos para enfrentar mais um ano de juro alto e demanda prejudicada pela inflação. Com a seca na oferta de crédito, acentuada pelo caso Americanas, um grupo de companhias acelerou conversas com fornecedores e credores de um lado. Do outro, bancos se apressam para cobrar o que for possível.
A varejista de moda Marisa contratou o banco de investimento BR Partners para renegociar R$ 600 milhões. A rede de móveis e decoração Tok&Stok, buscou a consultoria Alvarez & Marsal para avaliar sua estrutura financeira, diante do caixa apertado e uma dívida também de R$ 600 milhões.
Aluguéis em shoppings atrasam
Há sinais de potenciais renegociações vindo também dos shoppings. Algumas varejistas começaram a atrasar aluguéis e há menor disposição dos empreendimentos para negociar.
Setor aéreo também sofre com endividamento
Fora do varejo, a Azul deve buscar uma solução para ganhar mais prazo no vencimento de dívidas. O modelo deve ser parecido com o anunciado pela Gol. No total, a Azul tem R$ 18,8 bilhões em dívidas, sendo R$ 14,4 bilhões com arrendamento e R$ 5,5 bilhões com títulos de dívidas (bonds) que vencem em 2024 e 2026.
Outros setores vivem drama
No setor elétrico, a Light aguarda uma solução jurídica ou regulatória para reestruturar um passivo de mais de R$ 12 bilhões em dívidas, enquanto a empresa de turismo CVC conversa com credores para reescalonar R$ 1 bilhão em debêntures.
Além dos casos novos, 2023 começou com a perspectiva de um segundo pedido de recuperação judicial pela Oi, envolvendo dívidas de R$ 30 bilhões. A tele havia sido declarada livre do processo um mês antes, em meio a uma negociação com credores iniciada no fim do ano passado. Havia expectativa também de que a tele pudesse fechar uma nova injeção de capital, de US$ 1 bilhão.
Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 17/02/2023, às 17h45
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