Em meio a um cenário de eletrificação das coisas e de transição energética, atender à demanda mundial por energia nos próximos oito anos demandará US$ 1,3 trilhão em investimentos incrementais para as áreas de infraestrutura e distribuição, sendo US$ 400 bilhões apenas para petróleo e gás, estima o estrategista-chefe para a área de óleo e gás do banco JP Morgan, Christyan Malek.
Segundo ele, os atuais volumes de investimentos no setor elétrico não têm sido suficientes, e embora as fontes renováveis eólica e solar estejam recebendo mais investimentos por estarem no centro da transição energética, é possível que haja ainda um descompasso entre oferta e demanda de energia até o fim da década.
Papel relevante na matriz energética
Para Malek, o petróleo e o gás natural continuarão a ter um papel relevante na matriz energética mundial nos próximos anos, pela capacidade que têm de produzir grande quantidade de energia, além da facilidade de transporte. Isso deve segurar os preços em patamares elevados, possivelmente acima dos US$ 100 no próximo ano, com possibilidade de novos aumentos até 2027. “Quando olhamos para os próximos anos, os preços podem continuar a subir, porque não estamos investindo o suficiente hoje”, afirma.
O estrategista lembra, ainda, que há uma grande infraestrutura global voltada a operar óleo e gás, o que também permite que tenham papel relevante no cenário energético global. “Quando estamos olhando a transição energética, sabemos o que o petróleo e o gás serão importantes por mais tempo”, reforça.
Malek afirma também que a única maneira de os preços da commodity pararem de subir seria se a Arábia Saudita, principal fornecedor de petróleo do mundo, aumentar sua capacidade de produção nos próximos anos: “a questão se torna qual o preço os sauditas querem, porque eles têm o barril e podem escolher o ponto de face e o volume”.
Oportunidades para acelerar a transição
Questionado se a crise energética da Europa pode acelerar a transição para fontes renováveis, Christyan Malek. diz que no primeiro momento a preocupação é em atender à demanda, e que isso deve ser feito principalmente com o uso de gás natural. “Se houver uma crise energética, precisamos resolvê-la através dos combustíveis disponíveis hoje”, observa.
Já em relação às renováveis, ele acredita que a aceleração deve acontecer a partir do aumento na capacidade de armazenamento, especialmente das baterias, nos próximos anos. “À medida que a tecnologia da bateria melhora, que outras fontes de energia são inclusas, como fissão ou fusão, você terá muitas oportunidades de acelerar a transição”, diz.
O estrategista-chefe para a área de óleo e gás do banco destaca que mesmo com a adição de novas capacidades e fontes, há também o crescimento da indústria e da demanda por eletricidade para outras atividades. Isso faz com que o mundo precise de todas as categorias de energéticos, incluindo o hidrogênio verde, renováveis e petróleo, acrescenta.
Este texto foi publicado no Broadcast Energia no dia 09/01/2023, às 12h10
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