A Urba, empresa de loteamentos residenciais do grupo MRV&CO, passou recentemente por troca de comando e corte de metade dos funcionários. O pano de fundo para esses movimentos é a pisada no freio nas atividades. Pouco tempo atrás, a empresa tinha um plano ambicioso de crescimento, mas mudou a rota devido à escalada dos juros do País. Então, passou a segurar o caixa e adiou a expansão para outra hora.
A presidente Erika Matsumoto, que liderava a Urba desde 2020, deixou o cargo em março. No seu lugar assumiu José Felipe Diniz, acionista e conselheiro da Urba e do Banco Inter, além de ser um velho amigo de Rubens Menin, controlador da MRV&CO. Diniz tem mais de 30 anos de experiência no ramo. Ele e a família são donos da Santa Rosa Urbanismo, uma das loteadoras mais antigas de Belo Horizonte.
O mandato de Diniz no cargo é preservar o caixa da empresa, baixar as dívidas e cortar despesas comerciais e administrativas. No fim do primeiro trimestre, a Urba demitiu de 40% a 50% dos seus funcionários.
Empresa vende lotes na faixa de R$ 130 mil
A Urba produz lotes na faixa de R$ 130 mil, em condomínios abertos ou fechados. Seu banco de terrenos é concentrado no Estado de São Paulo e tem potencial para desenvolver projetos avaliados em R$ 3,6 bilhões, equivalente a 25 mil unidades.
Anos atrás tentou uma oferta inicial de ações (IPO), mas não teve sucesso. Mesmo assim, em 2021 anunciou o plano de atingir a produção anual de 15 mil unidades até 2026 ou 2027. Seria um salto enorme, considerando que na sua história inteira até aqui lançou 27 empreendimentos, o equivalente a 17 mil lotes, com valor geral de venda de R$ 2 bilhões. Mas o plano de expansão foi barrado pela subida da inflação na pandemia e a escalada dos juros no País.
No começo de 2024, a Urba não lançou nenhum projeto. Ela fechou 2023 com dívida líquida de R$ 230 milhões, contra uma receita anual de R$ 160 milhões. A alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) era de 135%. Para ganhar liquidez, a loteadora fez seis vendas de carteiras de recebíveis nos últimos dois anos, no total de R$ 300 milhões, a taxas salgadas de até IPCA + 8,5% ao ano.
Mantra no grupo é não queimar caixa
Ao pisar no freio, a Urba está seguindo as ordens da MRV&CO, onde o mantra é não queimar caixa. Isso vale para todas as subsidiárias, passando pelo negócio principal (A MRV, focada no Minha Casa Minha Vida), até a Luggo (de locação de apartamentos) e a Resia (subsidiária dos Estados Unidos).
Procurada, a Urba afirmou que está passando por um momento de transformação e está comprometida em reforçar a sinergia com a MRV&CO para promover o crescimento sustentável e aprimorar suas operações.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 09/05/24, às 16h47
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