EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Venda da Pismo foi quinto maior negócio com startup no mundo em 2023

Compra da startup brasileira pela Visa foi a maior fusão e aquisição em reais no Brasil

PUBLICIDADE

Foto do author Altamiro Silva Junior
Acordo foi assinado na quarta-feira, pouco depois de os fundadores da empresa participarem de uma palestra na Febraban Tech, evento de tecnologia dos bancos, onde a Pismo tinha um disputado estande Foto: Pismo

A venda da barsileira Pismo pela Visa transformou a empresa em unicórnio, quando uma companhia é avaliada em US$ 1 bilhão, e foi o quinto maior negócio do mundo este ano envolvendo desinvestimentos em uma startup, segundo levantamento da empresa de dados americana Dealogic a pedido da Coluna. Também foi a maior fusão e aquisição em reais no Brasil. Até agora, a compra da 99 pela chinesa Didi, em janeiro de 2018, havia sido o maior negócio. De valor não revelado na época, a aquisição é estimada em US$ 1 bilhão, mas com a taxa de câmbio menor no começo daquele ano - R$ 3,20, na média - em reais o negócio da Pismo é maior.

PUBLICIDADE

A venda da Pismo dá saída para grandes investidores. O maior é o fundo japonês Softbank, seguido pela Amazon e nomes como a gestora Headline, que tem entre os sócios o empreendedor Romero Rodrigues, famoso por criar o site Buscapé. Ele investe na empresa desde 2016, na época ainda na Redpoint e.ventures - que juntava a Headline com a Redpoint para apostar em empresas nascentes - , e participou nas rodadas seguintes de captação. Em um artigo, a gestora alega ter em todas suas plataformas 30% da Pismo, número não confirmado oficialmente.

Nas redes sociais, Rodrigues comemorou a venda e comentou em um artigo que, desde o primeiro encontro com os fundadores, viu o potencial da fintech para mudar a forma como os bancos operam no Brasil e no exterior. “E eles realmente mudaram”, escreve ele. Rodrigues conta que se convenceu que a Pismo tinha mesmo o produto certo quando o Itaú, maior banco da América Latina, resolveu ser cliente de seus serviços.

Viagem de uma das fundadoras ao Vale do Silício foi gatilho para criar empresa

Foi em uma viagem para o Vale do Silício em 2015 que a cofundadora da Pismo, Daniela Binatti, percebeu o abismo entre os serviços que as empresas de tecnologia americana estavam fazendo e a infraestrutura para o mercado financeiro no Brasil. Teve a ideia de criar a empresa e convenceu seu amigo Ricardo Josuá entrar na empreitada. Os dois haviam se conhecido anos antes na Conductor, hoje Dock - fundada pelo pai de Ricardo, onde também trabalharam os outros dois fundadores da Pismo, Juliana Motta e Marcelo Parise, o marido de Daniela.

Em um momento ainda marcado pela cautela dos investidores internacionais com empresas de tecnologia, a compra da Pismo ganhou repercussão mundial - foram mais de 800 reportagens pelo mundo. Assinado na tarde da quarta-feira, pouco depois de os fundadores da empresa participarem de uma palestra na Febraban Tech, evento de tecnologia dos bancos, onde a Pismo tinha um disputado estande, o negócio foi assessorado pelo Goldman Sachs e pelo escritório de advocacia Pinheiro Neto, de acordo com fontes. Pelo acordo, a marca será mantida, os fundadores vão continuar na empresa e a Pismo segue a trabalhar com outras bandeiras além da Visa.

Publicidade

Analistas observam que a empresa, criada em 2016, tem dois diferenciais que justificam o preço pago pela Visa. Desenvolveu uma plataforma que permite processar transações na nuvem, e é uma plataforma única, comportando vários produtos bancários e serviços financeiros, atualizada constantemente e que pode ser usada nos diversos países, seja da América Latina, Europa ou Ásia. Por isso, atraiu clientes como BTG, Itaú e B3.

Procuradas, a Pismo e a Visa não se pronunciaram.

Contato: colunabroadcast@estadao.com



Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.