Com aluguéis atrasados e sob pressão de ações de despejo, a WeWork no Brasil continua em busca de uma solução para as dívidas com os proprietários de imóveis. A Coluna apurou que a empresa está repetindo aqui a mesma estratégia adotada nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, onde já passou por reestruturação dos negócios. A estratégia consiste em enxugar o tamanho das operações e devolver uma boa parte dos pontos comerciais. Nos endereços restantes, a luta é para baixar o valor do aluguel e repactuar os atrasados via descontos e/ou parcelamentos. Aqui no Brasil, a companhia tem 31 escritórios.
Por ora, não há previsão de injeção de capital por parte dos acionistas controladores da empresa, que são a holding WeWork Inc e um fundo de investimentos detido pelo SoftBank. “A WeWork teve que corrigir o modelo de negócio no mundo inteiro, e o Brasil está sendo um dos últimos países. O problema é que não tem mais caixa de fora para mandar para cá”, diz uma fonte. Nos Estados Unidos, o grupo entrou em recuperação judicial em novembro de 2023 e teve o plano aprovado por credores em maio de 2024. Nos últimos dois anos, a empresa fechou mais de 100 escritórios mundo afora.
Aqui, uma recuperação judicial não está descartada, segundo fontes. Isso vai depender de como as conversas evoluirão ao longo do próximo mês. O ponto nevrálgico é os proprietários toparem as novas condições. A WeWork já tem ao menos três ordens de despejo definidas por liminar, o que dá uma certa vantagem aos proprietários nas negociações. Entre eles estão, por exemplo, fundos imobiliários detidos pela Vinci Partners e pela Rio Bravo.
Negociação em andamento
Sem acordo, restará para a empresa desocupar locais de modo forçado. O problema nesse caso é que a dívida ficaria pendente de solução. “O pedido de despejo é do jogo. As negociações estão acontecendo de forma pacífica”, disse outra fonte. “O que parece é que a WeWork está negociando extrajudicialmente com todo mundo”, contou um representante de dono de imóvel.
A WeWork contratou a Alvarez & Marsal, mesma consultoria financeira que deu apoio à reestruturação lá fora, e o escritório Galdino Advogados, especialista em direito empresarial e litígio - conforme revelado em julho.
Ao redor do mundo, a WeWork entrou em declínio pela dificuldade de consolidar o seu modelo de negócios de escritórios compartilhados. A empresa aluga andares inteiros em prédios corporativos em contratos que geralmente duram 5 a 15 anos e têm cláusulas rígidas de rescisão. Já o seu negócio consiste na sublocação dos espaços em contratos flexíveis. Isso gera um risco em função de oscilações mais bruscas na demanda por ocupação, como foram os casos da pandemia e da popularização do expediente em casa, que reduziram o fluxo de clientes. No novo modelo de negócios, a companhia tem procurado receitas alternativas, como programas de fidelidade e prestação de serviços para gestão de escritórios.
Procurada, a WeWork reiterou o mesmo comunicado que vem divulgando nas últimas semanas, no qual afirma que “as ações temporárias têm o objetivo de acelerar as conversas para chegar a resoluções que sejam do melhor interesse de todo o ecossistema, mutuamente benéficas e que estejam mais bem alinhadas com as condições atuais do mercado”. Segundo a empresa, as negociações já estão resultando em acordos com locadores.”
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 02/10/2024, às 18h59.
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