A Kepler Weber, líder nacional em silos e armazéns, instalou neste semestre 68,5% mais equipamentos do que em igual período de 2020. Em relação aos seis primeiros meses do ano, o número foi 12,6% maior. São 238 projetos em conclusão em todas as regiões do País, que somam R$ 1,2 bilhão e envolvem empresas de logística, usinas de etanol de milho, fabricantes de ração, além de cooperativas e produtores. “Sem dúvida o PCA (linha do governo para financiar armazéns) é alavanca.
A rentabilidade do produtor aumenta a predisposição para investir e a produção demanda mais estrutura”, diz Piero Abbondi, diretor-presidente. A necessidade de ampliar a capacidade de escoamento aos portos foi outro impulso para as vendas, diz.
Juros mais alto ainda não preocupa
A Selic crescente não muda o otimismo para o 1.º semestre de 2022. Seria melhor com taxas menores, admite Abbondi, mas hoje o produtor precisa de menos soja para comprar silo do que há um ano. Em 2021, mais negócios foram fechados sem os recursos do PCA.
Correndo atrás do déficit
Apesar da demanda aquecida, o déficit de armazenagem deve crescer em 2022, de quase 80 milhões para 110 milhões de toneladas, diz o executivo. Para zerar o déficit de 80 milhões de toneladas, seria preciso 10 milhões de t/ano adicionais por dez anos, ante 7,9 milhões até setembro de 2021 (dado da Abimaq).
Crédito
A gestora de recursos Mauá Capital, fundada pelo ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo, vai lançar seus primeiros fundos voltados para o agronegócio, conta Carolina da Costa, sócia para Novos Negócios em Soluções Financeiras Sustentáveis e Modelos de blended finance. Dois estão em estágio avançado de conversas e devem ser apresentados entre o primeiro semestre de 2022 e o início do segundo semestre, diz ela.
Destino verde
Pelo modelo de “blended finance”, que reúne vários tipos de investidores, a gestora pretende envolver aqueles que só buscam ativos “verdes” e os que preferem os tradicionais, além de empresas. O objetivo é financiar fornecedores de insumos, produtores e pecuaristas de leite que recuperem pastagens degradadas, com práticas de maior sequestro de carbono e outras ações sustentáveis. “Cada fundo deve abranger centenas de milhões de reais”, diz Carolina.
Agora aqui
A startup argentina Auravant, de monitoramento e gerenciamento de lavouras, está chegando ao Brasil com aporte de R$ 1 milhão. A sede foi aberta há duas semanas em São Paulo, mas atende clientes no País desde 2018, conta Sabrina Muñoz, diretora geral da agtech no País. “Era inviável para o crescimento não ter presença em um país agrícola relevante como o Brasil”, diz. O foco será em grãos, cana-de-açúcar, pecuária e nas regiões Centro-Oeste e Sul.
Capilariza
A expectativa da Auravant é mais que dobrar a área monitorada por aqui até o fim de 2022, do atual 1 milhão de hectares. Hoje, a agtech gerencia 8 milhões de hectares de 30 mil usuários em 70 países. “Estamos entrando no Uruguai e em 2022 queremos atuar na França, Alemanha e ampliar operação nos EUA”, projeta Leandro Sabignoso, CEO. Ele prevê duplicar a área coberta para 16 milhões de hectares até o fim de 2022, com base de 100 mil usuários.
Vai fundo
A gestora de capital de risco Mindset Ventures bateu recentemente a marca de R$ 15 milhões investidos em 5 agtechs de Israel e dos Estados Unidos. Destas, duas já atuam no Brasil: Taranis e SeeTree. Os aportes foram feitos nos últimos 5 anos. “As agtechs estão entre as startups que mais se sentem atraídas pela expansão para o mercado brasileiro”, diz Daniel Ibri, sócio do fundo, de capital majoritariamente nacional. Em 2022, Ibri prevê que o investimento continue crescendo.
Rastreamento de soja
A trading norte-americana Archer Daniels Midland (ADM) espera conseguir ainda este ano 100% da soja comprada no Brasil rastreada. Em particular no Brasil, rastreabilidade e desmatamento exigem atenção (ou são fatores que despertam atenção), diz Alison Taylor, diretora global de Sustentabilidade da companhia.
Rally da Pecuária
Dados sobre produção de bovinos de corte no País serão conhecidos na quarta-feira. A Athenagro apresentará os resultados do Rally da Pecuária, que, por causa da pandemia, coletou informações sobre pastos em imagens de satélite, além de centros de pesquisa. Criadores foram entrevistados por videoconferência.
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