O segmento de cafés especiais no Brasil comemora o desempenho 30% maior nas exportações em 2024, com receita de US$ 2,15 bilhões até novembro. Para 2025 prevê avançar mais 30%. O crescimento para mais de 10 milhões de sacas exportadas será puxado por China e Oriente Médio, projeta Vinicius Estrela, diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Ele diz que os chineses apreciam bebidas à base de café e o Oriente Médio, café puro. Para o gigante asiático, os embarques devem alcançar entre 120 mil e 150 mil sacas. Ao bloco de maioria árabe, a projeção é de vendas de ao menos 500 mil sacas. “O consumo de cafés especiais nessas regiões vem crescendo de forma consistente, na base de 30% ao ano”, informa Estrela.
Mais embalagens certificadas
A BSCA também vê crescimento na certificação de marcas no País. Em 2023, 3,7 milhões de pacotes de quase 100 marcas levaram o selo de café especial. Em 2024, a previsão é de 5 milhões e, para este ano, este número deve crescer 20%, a 6 milhões de embalagens, diz Estrela.
Estabilidade no mercado interno
No Brasil, o consumo de cafés especiais cresce entre jovens e pela expansão das cafeterias, embora a perspectiva seja de estabilidade nas vendas em 2025, em torno de 1,3 milhão de sacas. “As torrefadoras compraram em 2024 o café que vão vender neste ano”, diz. O País produziu cerca de 8,5 milhões de sacas da bebida em 2024.
Terminal de peso
A trading chinesa Cofco acelera a construção de seu principal ativo no Brasil: o terminal STS-11 no Porto de Santos. Com investimento de US$ 285 milhões, o projeto concentrará todas as cargas da trading chinesa - hoje a exportação ocorre por vários portos. A capacidade em Santos será de operar 14 milhões de toneladas por ano a partir de 2025. “Por sua magnitude, terá grande impacto para a companhia”, diz Luiz Noto, CEO da divisão de Grãos e Oleaginosas da Cofco no Brasil.
Rastreabilidade
A Cofco avança em sua estratégia de soja livre de desmatamento com embarques pioneiros para Europa e Ásia. Após enviar farelo de soja rastreado para a Irlanda, atendendo às exigências da União Europeia, a trading já realizou duas remessas de soja livre de desmatamento para a China. A meta é alcançar uma cadeia de suprimentos 100% sustentável até 2025. A empresa passou a segregar volumes certificados desde a origem até a distribuição.
Aproveitamento
Os ganhos para a trading também vêm da rotação de culturas entre cana-de-açúcar e soja em São Paulo. Com a técnica, que reduz o uso de fertilizantes sintéticos, a empresa colhe 60 sacas de soja por hectare, superando a média nacional de 55 sacas. A produção aumentou 10% em cinco anos e alcança 44.350 toneladas/ano. “Usar formas naturais para fertilizar o solo gera ainda mais valor para o negócio”.
Mais verde
A re.green, empresa de reflorestamento, e a Agro Penido vão restaurar 600 hectares de terras com espécies nativas da Amazônia. As áreas restauradas integram as fazendas Pioneira e Darro, propriedades agropecuárias da Agro Penido em Querência (MT). A re.green aposta nas parcerias com propriedades rurais para dar escala à restauração e à diversificação de receitas das áreas, diz Tiago Picolo, o CEO. “Testamos nosso modelo em áreas próprias e estamos prontos para trabalhar com a mesma qualidade de execução nas áreas dos parceiros”, conta.
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Sustentável
As propriedades, localizadas entre o Parque Xingu e a Bacia do Rio Araguaia, já possuem 42,5 mil hectares de reserva. Segundo Picolo, as florestas serão plantadas em áreas marginais das fazendas, entre lavouras e áreas de preservação permanente. O proprietário rural é remunerado por meio de créditos de carbono. “Espero que outros produtores estudem seus planos de negócios considerando o crédito de carbono como uma nova commodity”, diz Caio Penido, um dos proprietários da Agro Penido.
Agronegócio brasileiro exportou menos em 2024
As exportações brasileiras de produtos do agronegócio recuaram 1,3% no ano passado, para US$ 164,4 bilhões, segundo dados do Ministério da Agricultura. Ainda assim, o agro respondeu por 49% das exportações brasileiras. Para 2025, a perspectiva é de recuperação nas vendas externas do agronegócio, impulsionadas pela maior safra de grãos.
Café deve atingir preço recorde nas gôndolas
A Camil Alimentos, dona das marcas União, Bom Dia e Seleto, projeta preços do café ao consumidor final de até R$ 55 por quilo. O valor nunca foi visto antes no mercado interno, segundo Luciano Quartiero, CEO. O aumento reflete a valorização internacional do grão diante de uma menor oferta.