A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) fechou 2024 com faturamento de R$ 10,5 bilhões, um recorde. O resultado vem depois da queda em 2023, quando a receita foi de R$ 6,4 bilhões, e reflete a alta dos preços do café no último ano. Em novembro, a saca de 60 quilos ultrapassou R$ 2 mil. Também contribuíram para o desempenho da maior cooperativa de café do mundo as vendas do produto, com quase 6,7 milhões de sacas, tanto ao mercado interno quanto externo. A Cooxupé comprou 8 milhões de sacas, um recorde em sua trajetória e que inclui acordos no mercado futuro e no sistema de barter (troca do produto por insumos). E recebeu 6,1 milhões de sacas de cooperados de São Paulo e Minas Gerais, e de terceiros.
Fatores externos puxam receita
Carlos Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, diz que a quebra de safra de café no Vietnã e na Etiópia, justo quando o consumo crescia na Ásia e no Oriente Médio, ajudou. Não à toa, o Brasil exportou volume recorde de café até novembro, com 46,39 milhões de sacas.
Clima e preços preocupam para 2025
A Cooxupé estima que a próxima safra de café será menor do que a de 2024, em função de condições climáticas, e teme os efeitos dos reajustes dos preços para o consumidor. “Entre outubro e janeiro de 2025, o preço vai subir 40%, o que é um risco para o setor”, afirma Rodrigues de Melo.
A vez do algodão
O mercado de sementes de algodão segue em alta na safra 2024/25. Com boa rentabilidade e forte demanda, especialmente da Ásia, a área plantada no Brasil deve crescer 6%, segundo a Câmara Setorial do Ministério da Agricultura. Líder no setor, a Basf espera vender sementes no ritmo das projeções do mercado. “O balanço é positivo porque agricultores estão querendo diversificar as variedades usadas no campo”, diz Rafael Vicentini, diretor de Marketing da Basf.
Soja em banho-maria
As vendas de sementes de soja para a safra 2025/26, a ser semeada em setembro, ocorrem no mesmo ritmo do ciclo 2024/25. “O início tardio das chuvas afetou o cronograma dos agricultores”, diz Vicentini sobre a falta de pressa do setor produtivo. Apenas 5% do volume havia sido negociado no País até dezembro, em linha com igual período de 2023. Até março, a Basf espera que 70% das sementes estejam vendidas. Feiras agrícolas realizadas no primeiro trimestre devem impulsionar as negociações.
Reforço alimentar
A Auster Nutrição Animal projeta adicionar seus ingredientes a pelo menos 14 milhões de toneladas de ração em 2025, o que representa cerca de 20% do total fornecido às criações comerciais no País. A empresa de Hortolândia (SP) trabalha com premixes, aditivos e núcleos concentrados, que melhoram o desempenho de aves, suínos e bovinos. Em 2024, produtos da Auster foram misturados a 12 milhões de toneladas de ração, diz Paulo Portilho, sócio e diretor executivo. O volume é 15% superior ao de 2023.
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De olho na moeda
A perspectiva de custos menores para os pecuaristas neste ano que se inicia explica o otimismo, diz Portilho. O faturamento no novo ano deve ser de R$ 400 milhões, “se o dólar se mantiver na faixa de R$ 6″. “Embora nossos produtos sejam importados e vendidos internamente, em dólar, dependemos da variação da moeda para calcular o desempenho financeiro em reais.”
Mais crédito
A carteira agro do Sicredi fechou 2024 com saldo próximo a R$ 100 bilhões. Até novembro, havia atingido R$ 99,7 bilhões, alta de 22,4% em relação a igual período de 2023. Do total, R$ 39,2 bilhões foram para investimentos, R$ 30 bilhões para custeio, R$ 29,5 bilhões via Cédulo do Produto Rural (CPR) e R$ 1 bilhão para comercialização e industrialização. Para o Sicredi, os números reforçam sua posição como líder privado no crédito para o agronegócio no Brasil.
Produtor recebe mais pelo litro de leite em 2024
Os produtores de leite receberam menos pelo litro em novembro em relação a outubro, conforme o Cepea – um recuo de 6,4%, para R$ 2,6374. Na comparação anual, entretanto, há alta de 25,9%, em função da lenta captação de leite ao longo do ano. Para 2025, a produção deve subir pouco, na base de 2%, diz o centro de estudos.
Preços do açúcar seguirão controlados no 1º trimestre
Os preços do açúcar no mercado futuro devem permanecer abaixo dos 20 centavos de dólar por libra-peso até o fim da entressafra no Centro-Sul, em abril. O valor reflete uma safra 24/25 mais longa do que se previa, apesar da seca e incêndios em 2024. Foram moídos 611,8 milhões de t até a 1.ª quinzena de dezembro.
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