A brasileira Solinftec, de soluções digitais de monitoramento e automação de lavouras, quer aproveitar o bom momento da agricultura para acelerar seu crescimento.
Líder no mercado de software como serviço para o agronegócio, a startup, presente em 14 países, pretende dobrar o faturamento neste ano e em 2022. Os desempenhos são crescentes desde 2015, conta Guilherme Guiné, diretor de Desenvolvimento de Produtos. Em 2020, os contratos recorrentes, principal fonte de receita da empresa, superaram R$ 100 milhões.
No Brasil, a empresa lidera em cana-de-açúcar, com mais de 6,5 milhões de hectares monitorados e 8 dos 10 maiores produtores do Centro-Sul como clientes. Há ambição de ampliar a presença na cultura no Nordeste, assim como aumentar em 30% a área total coberta até o fim do ano, de 7 milhões para 9 milhões de hectares. Parte do impulso deve vir de culturas nas quais a empresa tem expandido sua atuação, como grãos e fibras no Centro-Oeste.
Potencial. A empresa, com sede em Araçatuba (SP) e outros 5 escritórios no País, pode se tornar este ano o primeiro unicórnio do setor – startups com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão –, segundo levantamento da consultoria Distrito. Guiné, contudo, afirma que essa não é uma meta da empresa. “Sabemos dessa grande chance e vemos como uma consequência dos resultados”, aponta.
Avante. Expandir a internacionalização é outra meta. No início do mês, a Solinftec abriu filial no Canadá e, no 2.º semestre, deve chegar ao México. “Em 2022, iniciaremos testes na Europa, a começar por França e Alemanha, e em 2023 no Leste Europeu, com foco em grãos”, conta Daniel Padrão, diretor de operações para América do Norte. Hoje, monitora 2 milhões de hectares nas Américas do Norte e Latina, e quer chegar em 5 milhões de hectares até o fim do ano.
Mais competitivo. A GranBio, empresa brasileira de biotecnologia industrial, prevê exportar etanol de segunda geração para a Europa a preços até 40% mais vantajosos. A companhia recebeu a certificação internacional Roundtable on Sustainable Biomaterials, que comprova que a pegada de carbono do biocombustível 2G produzido pela empresa é uma das menores do mundo, 91% menor do que a da gasolina. “Com a certificação é possível entrar em programas comerciais que valorizam esse tipo de produto e obter um prêmio”, diz Julio Espírito Santo, gerente de Biotecnologias Industriais da GranBio.
All in. O executivo diz que, como o biocombustível da atual safra já está inteiramente vendido, a empresa negocia com compradores europeus produção da próxima temporada. A expectativa é destinar parcela expressiva do biocombustível para o continente. “Buscamos tentar vender a um único comprador para tornar a logística de distribuição melhor.”
Médios, por favor. O Citi está apostando fichas no agronegócio para dobrar o volume de negócios no País da área de Commercial Bank, que atende a empresas com faturamento entre R$ 250 milhões e R$ 5 bilhões. André Cury, até o ano passado focado no segmento de companhias que faturam mais de R$ 5 bilhões, como Vale e Petrobrás, foi escolhido para chefiar a área desde janeiro. O executivo estima que o peso do setor na divisão deve sair dos atuais 20% para 25% em três anos.
Pode vir. É pelo Commercial Bank que o Citi quer crescer, explica Cury, pois com as “big” companhias do País o banco já tem boa participação de mercado. Mas entre médias e grandes o Citi atende cerca de mil delas, de um total de 7 mil. Boa parte dos novos negócios virá do agro, diz, e a expectativa é aumentar em 25% a 30% os empréstimos ao setor em 3 anos. “Ninguém traz para dentro de casa negócios que não estão indo bem.”
Aglomera. Ainda há muito espaço para consolidação no mercado de insumos agropecuários, contam Osias Brito e Maurício Nozawa, sócios fundadores da BR Finance, butique de investimentos que presta assessoria financeira a empresas interessadas em atrair investidores. Até o fim do ano, eles esperam concluir ao menos seis transações, envolvendo duas revendas de insumos, duas startups, uma empresa de nutrição animal e outra de fertilizantes especiais e biodefensivos. “Essas empresas serão compradas ou receberão investimentos. Ao menos três transações serão de aquisição por uma multinacional”, dizem os sócios.
Ouro branco. A Cooperativa Agro Industrial Holambra quer fomentar um polo de produção de algodão de máxima qualidade e produtividade no sudoeste paulista, próximo a Paranapanema, onde tem usinas de beneficiamento. Para a safra 2021/22, que começa a ser plantada no último trimestre, a expectativa é atingir 5,5 mil hectares e, em três anos, chegar a até 20 mil hectares, conta Shandrus Hohne de Carvalho, presidente executivo.
Incentivos. A cooperativa investiu R$ 27,6 milhões na estrutura das usinas e na capacitação de mão de obra para beneficiar a fibra e prevê captar cerca de R$ 80 milhões entre bancos e investidores para financiar a produção. E buscará parceiros em Mato Grosso que possuam colhedoras e caminhões para ajudar na colheita da fibra, já que o sudoeste paulista inicia os trabalhos antes do Centro-Oeste.
POR ISADORA DUARTE, AUGUSTO DECKER, CLARICE COUTO e LETICIA PAKULSKI
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